Da subjetividade neoliberal aos refúgios de descompressão: um estudo sobre espaços de resgate de coletividade e empatia em tempos de competição urbana e interindividual
Apresentação
H quase meio sculo, a normativa neoliberal rege as polticas pblicas, comanda as relaes econmicas mundiais, transforma as sociedades e remodela as subjetividades. Ao mesmo tempo, v-se, a partir desse mesmo perodo, uma patologizao da vida cotidiana, em especfico no que se refere sade mental. Ao moldar os desejos dos indivduos e criar uma circunstncia universal, em que todos esto submetidos constante avaliao moral e psicolgica de seu desempenho para sua prpria sobrevivncia, o neoliberalismo introduziu aspectos subjetivos a cada pessoa, que passam a recodificar suas identidades, valores e modos de vida, baseados na concorrncia e extrao de produtividade constante e crescente de si mesmo e do Outro. Assim, cria-se uma “gramtica do sofrimento” – de depresso, esgotamento mental e distrbios de ansiedade - prpria a esse modelo poltico-econmico-normativo, a qual funciona como um dos eixos fundamentais de seu poder.
Dentro desta perspectiva, ao propor-se a entrelaar a compreenso primordial da cidade como espao de produo e reproduo social com a transformao do comportamento coletivo e do aparelho psquico, o presente trabalho busca traar um limiar entre as bases do sistema neoliberal e a sua influncia sobre o modo de concepo das cidades e do sujeito contemporneos, a fim de encontrar possibilidades de localidades, prticas e vivncias que quebrem com a sua lgica e possam oferecer experincias de bem-estar coletivo. Como resultado final, o trabalho tece uma anlise baseada na teoria dos comuns e dos ambientes restauradores, sobre espaos assim compreendidos como potencializadores de contracondutas normativa neoliberalista, no distrito de Ingleses do Rio Vermelho, em Florianpolis (SC), com aprofundamento no caso do "Campo do Santinho".
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