Trabalhos de Conclusão de Curso

Trabalhos sobre o tema Ensaios Experimentais

Foram en contrados 61 trabalhos

2023-2

Ecos do passado, desafios do presente: territórios negros em Florianópolis e o Quilombo Vidal Martins

A cidade brasileira e sua histria nos permitem pensar a realidade do racismo estrutural que se reflete em sua estrutura urbana desde sua formao colonial atos processos de segregao socioespacial que atingem a populao negra contemporaneamente. Neste sentido, o objetivo geral do presente trabalho de concluso de curso realizar um estudo exploratrio dos territrios negros na cidade de Florianpolis, traando a relao entre raa e o processo de produo do espao urbano no Brasil. Como parte primria da pesquisa parte-se do resgate da conceituao sobre raa e das nuances do racismo, relacionando-os com o histrico do planejamento urbano brasileiro, analisando como essas relaes afetam o direito cidade para a populao negra. Na segunda parte buscou-se um entendimento sobre povos e comunidades tradicionais no Brasil, com enfoque nos quilombos, para compreender tambm os ncleos de formao dos territrios negros em Florianpolis e relacion-los com o racismo ambiental que os atingem, muitas vezes sendo expulsos de suas terras. Como parte final desse trabalho, se busca um estudo de caso com o Quilombo Vidal Martins, por ser o primeiro caso reconhecido pelas entidades brasileiras legalmente responsveis como comunidade remanescente quilombola e um dos territrios negros que contribui fortemente com a histria da cidade.O estudo tem ainda como perspectiva compreender a histria da comunidade, desde suas primeiras ocupaes no territrio, a expulso da comunidade, e o processo de retomada de sua localizao original. O trabalho busca contribuir, portanto, destacando a importncia de evidenciar a histria dos territrios negros, como o quilombo, e como a invisibilizao desses territrios fruto do racismo estrutural e de um planejamento urbano que historicamente segregador. Por fim, busca-se tambm as possibilidades que arquitetos e urbanistas possuem para auxiliar na garantia da manuteno desses territrios e quais instrumentos urbansticos so possveis para a titulaoo de terras quilombolas.

2023-1

Compreender, (Re)descobrir, Compartilhar: um olhar sensível sobre as distintas faces do centro

Quando eu era pequena, meus pais costumavam me levar para o centro da cidade aos sbados, e me recordo desse lugar como um espao de muita alegria e interao entre seus usurios. Com o passar dos anos, minha viso do centro da cidade foi se alterando medida que os motivos pelos quais eu ia at a rea central tambm se alteravam, e as idas ao centro passaram a ser sinnimo de compras e estresse. Ao fazer a disciplina de Projeto Arquitetnico 7, deparei-me com a rea central novamente, dessa vez com um olhar mais sensvel. A partir das reflexes na disciplina, voltei a enxergar o centro como um lugar que ainda mantm muitos de seus espaos de convvio e possui um incrvel potencial de ser muito alm de uma regio de compras. Esse resgate de um olhar curioso, assim como o olhar de uma criana, levou-me a refletir sobre as possibilidades de reinterpretao desses ambientes. Dessa forma, o meu TCC surgiu a partir de uma vontade de compreender melhor os motivos pelos quais houve essa variao na minha forma de vivenciar o espao urbano com o passar dos anos, uma possibilidade de redescobrir esses espaos de interao que se mantm na centralidade e uma oportunidade de compartilhar com as outras pessoas do espao pblico essas ambincias qualificadas ainda presentes no centro da cidade.

Conectando espaços: Uma intervenção artística na arquitetura urbana de Balneário Camboriú (SC)

O presente estudo elabora um projeto de interveno artstica na cidade de Balnerio Cambori (SC). Uma vez que, a transformao de um lugar desvalorizado em um ambiente atrativo e inspirador motivou a importante possibilidade de um estmulo no dilogo entre comunidade e obra. O processo criativo resultou em uma estrutura metlica de ao mixando formas geomtricas com formas orgnicas, alm de cumprir o papel de interveno artstico-urbana. Secundariamente, prope-se uma discusso sobre espacialidade e prticas artsticas na arquitetura, bem como a utilizao de intervenes artsticas nas cidades.

Palavras-chave: Interveno; interveno artstico-urbana; espao; Balnerio Cambori (SC).

Identidade de gênero e a produção social do espaço

O presente trabalho um estudo exploratrio acerca da relao entre gnero e a produodo espao socialmente realizada, com enfoque na populao de gnero no-normativo e o Centro de Florianpolis. Parti de uma aproximao terica atravs de reviso bibliogrfica acerca do conceito de gnero e performance de gnero, com destaque para as definies de Butler (2003), seguindopor discusses acerca da disputa de narrativa histrico-urbana estabelecida pelos diferentes gneros, bem como por discusses acerca da representao do gnero na arquitetura, e com subsequente reviso sobre as relaes de gnero e o direito cidade. Aps essa etapa, fizum levantamento sobre o histrico de ocupao LGBTQIA+ no Centro de Florianpolis, com a composio de um mapa que serviu de base para a definio da rea de estudo. Ainda, realizei conversas-cartografias e questionrios com a finalidade de entender a familiaridade ou no da populao do recorte espacial com o tema de gnero e cidade (no caso do questionrio) e de entender a relao com a cidade para pessoas de gneros no-normativos (no caso das conversas-cartografias). Nestas, tambm, foram realizadas cartografias das participantes de modo a registrar suas experincias e percepes na cidade, produzindo mapas que, alm de ricos como registros das experincias urbanas, tambm do base argumentativa ideia de que a leitura tradicional e generalista de dados urbanos no suficiente para a compreenso da urbe em sua complexidade, bem como revelam particularidades das experincias urbanas em funo das identidades, como no predomnio do uso noturno do espao pblico. Por fim, passo por uma experincia com as corpografias e sua relao corpo-cidade, sob a tica da conexo entre os "padres corporais de ao", do conceito de corpografia deBerenstein-Jacques, e a "repetio estilizada de atos", do conceito de performance de Butler. O trabalho culmina em uma cartografia que se prope a ser provocadora para a constante luta necessria conquista e permanncia do direito cidade para populaes de gneros no normativos.

NAITE

A temtica surgea partir de uma inquietao por percepes que desenvolvi durante a vida e o perodo da graduao acerca das relaes entre corpo, espao e noite.Em uma tentativa de mergulhar na noite-madrugada e compreend-la historicamente a pesquisa objetiva um entendimento melhor sobre como a cidade funciona durante este perodo, buscando uma compreenso de como seus circuitos so traados, de que forma os espaos pblicos sofrem uma reconfigurao para outros interesses, quem se apropria deles e de que forma isso acontece. Para isso, so analisados dois recortes espaciais do Centro de Florianpolis, que apresentam um movimento bastante diverso. Dessa forma, o caderno se divide em dois blocos, interseccionando a pesquisa e experincias em campo com prticas que buscam exprimiras manifestaes e apropriaesda cidade na naite, percorrendo por movimentosde lazer, trabalho, transformao e controle.

Pensar a cidade do futuro: uma crítica à ideia de resiliência urbana nas cidades brasileiras

Este trabalho um ensaio exploratrio que busca discutir possibilidades para as cidades brasileiras no futuro, a partir da ideia de resilincia urbana enquanto possibilidade para o combate crise climtica. O objetivo geral da pesquisa entender a origem e alguns dos limites e potencialidades da ideia de resilincia urbana na formulao de propostas efetivas – e com foco no contexto da crise climtica – para as cidades brasileiras. Ainda, a partir da anlise crtica da ideia, um segundo objetivo do trabalho debater como estruturar outras possibilidades para a ao de combate s manifestaes das mudanas climticas nas cidades brasileiras.

Rastros do que somos: Ensaio sobre as relações entre subjetividade, cidade e individualidade

O objetivo deste trabalho analisar a cidade/metrpole como artefato ou documento da acelerada [de]formao do sujeito ps-moderno de Stuart Hall e estudar o seu impacto/papel na fragmentao do homem moderno para melhor compreender as relaes existentes entre subjetividade, cidade e individualidade. Para tal, foi desenvolvida uma reviso histrica no captulo 1 com o intuito de apresentar um paralelo entre a crescente subjetividade humana e o “nascimento” do homem moderno em meados do sculo XVII. O captulo 2 trata das relaes entre sujeito e cidade na modernidade, tema considerado central para esta pesquisa. O captulo 3 discute o sujeito ps-moderno assim como as possibilidades de se compreender o processo de individuao como meio de ancoragem ao mundo. Aborda, tambm, as dificuldades da manuteno das caractersticas e potencialidades que nos tornam nicos em tempos pautados por rpidas transformaes. Dessa maneira, optou-se por uma pesquisa exploratria baseada na utilizao e reviso das principais fontes relacionadas ao tema, aliadas ao uso de imagens, tanto de referncias, quanto autorais.

2022-2

Cidade e tecnologia: plataformas colaborativas para fins de transparência e participação em questões urbanas

O presente trabalho pretende analisar como as TICs (Tecnologias de Informaoo e Comunicao) podem ser utilizadas em plataformas colaborativas para fins de transparncia e participaoo. Parte-se da narrativa de que as TICs como parte do cenrio urbano atual, podem ser apropriadas pela sociedade e pelo Estado e oferecer novas possibilidades no campo democrtico. A partir disso so apresentadas e analisadas quatro plataformas digitais - BudgIt, Decidim Barcelona, Data_labe e Querido Dirio - voltadas para participo, transparncia e monitoramento cidado. Os resultados demonstram que todas as plataformas avanam no sentido de criar novos canais de interao entre os diversos atores sociais, e a partir das anlises, prope-se um prottipo para observatrio de dados gerido pela Universidade por meio de prticas colaborativas.

desenhando zumbidos: Florianópolis sob o olhar dos vigiados

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Sendo uma pessoa negra, vivendo no sul do Brasil, fruto de uma unio interracial, por�m criado apenas com a parte branca da familia, cresci com um “zumbido”, um incomodo permanentemente em plano de fundo que me lembrava que aquele n�o era o meu lugar.
Por mais que estivesse na minha fam�lia nunca me vi ali, de certa forma, essa sensa��o se expande para os arredores, n�o me vejo nas ruas, nas lojas, nos outdoors, na tv. As vezes, dependendo do hor�rio e local, me vejo nas esquinas, deitado em um papel�o estendido no ch�o �mido da cidade, pedindo por ajuda nas pra�as, vivendo amontoado em morros… Algo sempre me avisou que em alguns lugares n�o deveria estar, que minha presen�a, mesmo que passajeira n�o era bem vinda, olhos me vigiavam.

Em 2012 fiz uma viagem para Vit�ria, capital do estado do Esp�rito Santo, j� havia sa�do do meu estado natal (SC) anteriormente, por�m ainda n�o havia experienciado as sensa��es que a capital mais ao norte do Sudeste brasileiro conseguiu me causar, o zumbido se calou, senti pertencimento.
� no minimo curioso cruzar 1300km para o norte do Brasil para finalmente, me sentir pertencente a um lugar, mas eu um jovem negro nascido no litoral catarinense, estado esse com apenas 15,5% da popula��o autodeclarada negra ou parda, segundo o censo do IBGE de 2010, vi em Vit�ria, cidade com 57% da popula��o autodeclada negra ou parda, um lugar que me reconhecia. N�o acredito que esse sentimento venha apenas pelo n�mero de pessoas negras que passavam por mim nas ruas, existia algo ali, na hist�ria daquelas ruas, um sentimento, uma camada intoc�vel, algo intang�vel que me fascinava.
O que a cidade carrega consigo? Quais as mem�rias das cidades? Como elas nos afetam? Como os diversos grupos da sociedade -ra�as, g�neros, sexualidades, classes sociais- percebem e se percebem nas ruas?
Esses s�o os questionamentos que me impulsionam nesse trabalho.

Floripa Intangível: O Imaginário social das tradições em Florianópolis

Ferramentas, esculturas e arquiteturas, assim como festividades, tradies e manifestaes artsticas representam a capacidade humana em produzir conhecimentos materiais e imateriais, provocando em cada um de ns um sentimento de pertencimento e identificao com determinada comunidade.

Os atores sociais se reconhecem em um coletivo mediante semelhanas culturais e significativas e, por meio disso, concebe-se o senso de identidade. Assim, a manifestao identitria representada pelos patrimnios materiais e imateriais que se formam a partir das memrias coletivas dos antepassados e se ressignificam diante de novos protagonistas.

O patrimnio imaterial a expresso do imaginrio social criado ao longo das experincias coletivas e que se fortalece com base nas vivncias e sentimentos envolvidos. A partir dos vnculos afetivos so concretizados os significados desses bens em relao comunidade, espao, contexto urbano e social.

A conservao do patrimnio parte da relao que cada indivduo possui e levado no mbito coletivo, no intuito de perdurar o senso de pertencimento. Assim, por meio da responsabilidade social e conscincia comum, se mantm as memrias livres para se moldarem diante do tempo. Colaborando na preservao de saberes para o futuro, o patrimnio herdado dos ancestrais reverbera de tal forma a compor a estrutura social do grupo conforme permeia as geraes.

Neste sentido este trabalho traz uma valiosa contribuio dos campos de saberes da antropologia e sociologia para provocar o campo da arquitetura e urbanismo na preservao dos patrimnios, com foco naqueles de aspecto imaterial.

Propem-se intervenes urbanas na cidade de Florianpolis a partir do patrimnio imaterial e que se encarrega de um desafio incomensurvel, pois parte do questionamento inicial de como dar visibilidade invisibilidade dos bens intangveis, das tradies, dos contos e das magias criadas ao longo do tempo de culturas diversas, antigas ou recentes.

o saber em movimento que mobiliza esta pesquisa, impulsionada pela arte da arquitetura em resgatar a funo artstica e inclusiva na cultura imaterial

Fotografia e cidade - Uma nova percepção da cidade a partir da imagem

O espaço conta histórias: Resgate de memória do ARQ-UFSC e possibilidades de futuro

Criado em 1977, o curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina tem sua histria marcada pela relao com os espaos em que ocorre, tanto dentro como fora da universidade. Em uma poca de intensos protestos em meio ditadura militar, o curso comea suas atividades nos moldes de ciclo bsico - como sugerido pela Reforma Universitria de 1968, sendo as aulas ministradas no CTC junto ao antigo Galpo do departamento de Engenharia Civil e atual prdio do CCE. Em 1994 ocorre o primeiro momento de transformao desta relao com o espao, quando o departamento instalado no terreno em que se localiza atualmente, encontrando na configurao espacial (possibilitada pela reutilizao de painis pr moldados de madeira, doados pela Eletrosul) uma identidade enquanto escola de arquitetura: um local onde, junto fora de um novo currculo que buscava superar o ciclo bsico, os estudantes pudessem se perceber como colegas e futuros profissionais. J em 2003, iniciado um processo de construo que duraria seis anos, durante os quais configuraes diversas caracterizaram a coexistncia do novo prdio, projeto fruto de um concurso interno, com as instalaes anteriores. Por fim, nos ltimos sete anos essa relao de coexistncia sofreu alteraes que, apesar de demonstrarem a intensa resilincia dos estudantes na busca por espaos autnomos de convvio, tambm afastaram os usos informais do espao, bem como a histria do curso, tangvel no terreno em que se encontra, do dia a dia da comunidade acadmica. Frente quinta dcada de existncia do curso e s presentes e futuras demandas da universidade brasileira, este trabalho busca resgatar e guardar esta histria para, aprendendo com seus erros e acertos, propor possveis ampliaes da escola.

O caderno em alta resoluo pode ser acessado em http://l1nk.dev/cadernoTCCLela.

2022-1

Cartografia afetiva: percepções sobre a pequena e a grande cidade na ótica dos indivíduos

Este Trabalho um estudo analtico de percepes acerca do territrio urbano com enfoque na dicotomia entre cidades grandes e pequenas. Alm de um estudo sobre os conceitos existentes, busca-se um ponto de condensao a partir da vivncia e das experincias de indivduos inseridos nesse contexto, de forma que determinados estigmas e pr-conceitos sejam melhor explorados

CONSTRUINDO LUGARES PARA IDOSOS E CRIANÇAS: UM ESTUDO SOBRE DOCILIDADE AMBIENTAL E COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM

RESUMO

O presente trabalho trata sobre o relacionamento intergeracional entre idosos, crianas e adolescentes. A partir da anlise das caractersticas das Comunidades de Aprendizagem e da compreenso da teoria da Docilidade Ambiental, este trabalho visa demonstrar como a relao entre esses dois grandes conceitos pode influenciar nas propostas projetuais de espaos que permitam a ocorrncia de contatos intergeracionais. O objetivo buscar respostas de como deve ser o ambiente para a realizao de atividades que beneficiem as relaes intergeracionais. A pesquisa realizada teve carter bibliogrfico, descritivo e exploratrio. Com a compreenso do conceito formador das Comunidades de Aprendizagem, percebeu-se que o mesmo pode ser aplicado a qualquer tipo de ambiente e que sendo aplicados a espaos em que a Docilidade Ambiental se faz presente, torna-se muito mais fcil a ocorrncia de relaes intergeracionais entre crianas e idosos. E a partir desse entendimento formulam-se Condies Espaciais Facilitadoras que serviro de guias para futuros projetos arquitetnicos.

Palavras-chave: "relaes intergeracionais", "co-educao entre idosos", "narrativas intergeracionais", "prticas coeducativas intergeracionais", "contato intergeracional", "fazenda infantil intergeracional", "socializao", "docilidade ambiental"

Ensaio sobre a Arquitetura Japonesa

Este trabalho se intenciona numa aproximao da arquitetura Japonesa, buscando desvendar de modo explorativo algumas caractersticas presentes na sua cultura e sociedade e como se expressam arquitetonicamente. Para isto ele foi desenvolvido em trs etapas, sendo a primeira um estudo histrico-geogrfico, mapeando a formao da cultura japonesa; o segundo um recorte de um aspecto da sua cultura de relevante presena no cotidiano do povo japons, a saber o “Ma” (間), e o terceiro na anlise de alguns arquitetos japoneses e seus trabalhos, buscando identificar se e de que maneira esse aspecto est presente na arquitetura que desenvolvem.

MANDALA DOS QUATRO ELEMENTOS: UMA FERRAMENTA PARA PROJETOS DE BRANDING E ARQUITETURA COMERCIAL

Tudo na vida precisa de equilbrio. Em toda ideia, ao, prtica, trabalho, o que quer que seja, existe um aspecto intuitivo, criativo, sensvel, inconsciente e outro prtico, tcnico, lgico, consciente. Em nosso processo de formao como sociedade, passamos a priorizar o segundo aspecto e a negligenciar o primeiro. Na prtica projetual, isso tambm se faz notar: o processo criativo e intuitivo apenas uma pequena poro em meio a mtodos sistemticos e lineares, com fases pr-definidas e checklists de requisitos tcnicos a serem contemplados pelo projetista. No entanto, h de se reconhecer que um aspecto to importante quanto o outro e, neste sentido, o presente trabalho de concluso surge de uma inquietao: Como podemos aprimorar e contribuir para o processo criativo e intuitivo de projetos em arquitetura? Ser que grandes ideias e uma arquitetura de qualidade surgem de um insight aleatrio, fadado ao acaso ou dependente da “genialidade” ou “dom criativo” de um arquiteto? Ou ainda, ser que podemos criar instrumentos que auxiliem a trazer mais clareza para tal momento, caracterstico das primeiras etapas de projeto, que guiem a ns, arquitetos, a transmitir de forma mais clara e expressiva os valores, sentimentos e desejos abstratos trazidos muitas vezes pelo cliente ou como partido conceitual? A partir do estudo da teoria junguiana, da semitica – rea que estuda sistemas lingusticos e simblicos – da percepo ambiental, da fenomenologia e do branding, buscou-se criar uma ferramenta-guia para projetos de arquitetura comercial, que permita ao projetista visualizar diferentes variveis de projeto com a inteno de denotar um significado profundo ao lugar. Com auxlio da pesquisa bibliogrfica, de estudos de caso, de visitas de observao in loco e de um questionrio de pesquisa, obteve-se a criao de um instrumento-guia da primeira fase de projeto – do briefing ao partido arquitetnico – no formato de mandala dividida em quatro grupos gerais, os quatro elementos (inquietaes e aspiraes humanas coletivas e primordiais), subdivididos em doze arqutipos que representam aspectos ambientais. Espera-se, com o material apresentado a seguir, contribuir para uma maior compreenso das relaes entre as necessidades psicolgicas bsicas e primitivas, os significados atrelados ao ambiente e os padres de comportamento e satisfao de seus usurios, trazendo tais aspectos para o primeiro plano do processo de projetos de arquitetura, neste caso, comercial.

Mulheres Viajantes: Estratégias para tornar o hostel mais seguro para mulheres que viajam sozinhas

Frente ao aumento da autonomia feminina e ao crescente nmero de mulheres viajantes, assim como s condies de vulnerabilidade, risco e insegurana atrelados s mulheres nos diferentes espaos que ocupam na sociedade, o presente trabalho tem como objetivo buscar compreender se seria possvel, por meio de alteraes arquitetnicas, aumentar a percepo de segurana das mulheres enquanto hospedadas nos hostels. Para tal fez-se uso de duas estratgias de pesquisa, sendo a primeira a disponibilizao de um questionrio destinado s mulheres de forma online e a segunda a anlise arquitetnica de hostels da cidade de Florianpolis, juntamente com a anlise dos comentrios deixados pelas mulheres nas plataformas online de reserva de hospedagem. A anlise, juno e sistematizao dos resultados de ambas as metodologia de pesquisa resultaram em estratgias arquitetnicas que podem ser aplicadas nesta tipologia de hospedagem, aumentando a percepo de segurana e a segurana fsica das mulheres viajantes, reforando assim a importncia de uma arquitetura sensvel s necessidades e percepes dos diferentes grupos sociais.

Narrativas de incômodo: Ensaio teórico/artístico sobre a relação das mulheres e pessoas LGBTQIAP+ com o espaço público.

Este TCC surge da vontade de continuar o trabalho realizado na disciplina de Ateli Livre - Processos Artsticos. A partir de uma deriva pelo centro da cidade, surgiram alguns questionamentos sobre gnero e espao pblico. Afinal, a rua do homem cis-htero? As mulheres ficam restringidas ao espao privado, o espao destinado aos servios domsticos e a extenso dele, como por exemplo, padarias, supermercados, creches, escolas, farmcias? Aos homens fica permitido estar na rua simplesmente por estar, no importa o motivo. J as mulheres e pessoas LGBTQIAP+, no conseguem andar na rua sem ser assediadas, importunadas, abordadas, agredidas…

Participação na escala do bairro: O papel dos agentes articuladores

O presente trabalho tem como justificativa os desafios existentes no engajamento da populao em torno dos processos participativos no planejamento e em projetos urbanos. Assim, se discute a importncia de agentes articuladores dentro dos bairros - com foco nas escolas - para estimular a participao da comunidade. Para isso so estudadas e analisadas trs iniciativas que atuaram nesse sentido. Por fim, proposto um modelo conceitual de engajamento, a partir de diretrizes.

Palavras Chave: planejamento participativo; agentes articuladores; intervenes no bairro; tecnologias da informao e comunicao; planejamento urbano; polticas pblicas; oramento participativo.

Vozes do Mocotó: Dicotomias e laços no Maciço do Morro da Cruz

A histria da humanidade rica nas mais diferentes e complexas culturas, saberes, costumes e ritos. Contudo, observamos que a histria “oficial”, quase sempre contada a partir de uma perspectiva eurocntrica, funciona muitas vezes como um instrumento de silenciamento e dominao sobre as culturas subjugadas ao longo do tempo. Nesse sentido, a oralidade se posta como uma ferramenta capaz de emergir certos elementos da vida humana que foram esquecidos das narrativas oficiais, mas que seguem vivos nas memrias daqueles que os vivenciaram. Este trabalho busca discursar sobre os efeitos da colonizao para o apagamento das epstemologias sul-americanas, assim como as consequncias desta durante os processos de formao das favelas brasileiras. Como estudo de caso, em um primeiro momento analiso a relao das comunidades do Macio do Morro da Cruz com a prpria evoluo do centro de Florianpolis, com foco na comunidade do Morro do Mocot. Em um segundo momento, apresento o resultado das conversas e entrevistas que tive com os moradores do Mocot, de forma a registrar, valorizar e divulgar suas histrias e saberes.

2021-2

A CIDADE NA REDE - Reflexões críticas sobre o uso da Blockchain como ferramenta tecnopolítica nos centros urbanos

Mesmo em uma perspectiva global de desigualdade nas cidades, as "smart cities" vm sendo, com cada vez mais veemncia, discutidas e implantadas em todo o mundo. Compreendendo que o tema possui difcil definio, procuro aglutinar as principais agendas conceituais acerca da "smart city", alm de suas crticas, a fim de dar significao para o termo. A partir das ferramentas das Tecnologias de Informao e Comunicao adotadas pelas cidades inteligentes, busco conduzir um recorte sobre o uso da Blockchain como ferramenta com potencial tecnopoltico nos centros urbanos, visto que esta a tecnologia que mais estamos desfamiliarizados, enquanto sociedade civil e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. A Blockchain uma ferramenta de gesto distribuda de redes que pode ser utilizada para solucionar problemas urbanos. Para tanto, o objetivo deste ensaio compreender quais so as potencialidades da Blockchain para as grandes cidades, mapeando usos que contemplam a organizao e a governana das cidades e seus sistemas.

Das lavadeiras ao Madalena Bar: os 100 anos da Avenida Hercílio Luz e o território em disputa na área central de Florianópolis

O presente trabalhobusca analisar os processos histricos que conformaram a Avenida Herclio Luz como a conhecemos hoje, e como se do as disputas socioespaciais pelo territrio at a atualidade. A estudo foi elaboradoatravs de reviso bibliogrfica, coleta de relatos, pesquisa em matrias jornalsticas, mapeamentos e entrevistas semiestruturadas. Por fim, investigo a ocupao urbana atual, analisando o uso noturno da regio e seus frequentadores.

Desenhos de uma (quase) arquiteta: experienciações e apreensão do espaço na Praia do Matadeiro, Florianópolis – SC

Este trabalho pretende trazer contribuies acerca de possveis prticas de desenho manual visando o desenvolvimento da autonomia em relao a esta habilidade. Apesar de as prticas contemporneas de projeto apontarem na direo oposta, o desenho feito mo, enquanto linguagem de criao e comunicao e como recurso de assimilao de conhecimento, pode ser uma importante ferramenta complementar aos dispositivos digitais, a qual possui essencialmente o engajamento corporal como um de seus principais potenciais.

O transbordar queer como jeito de fazer cidade: o que pode vir a público? - Ensaio sobre a arte-dissenso como potência de sociabilidades dissidentes em Florianópolis

O trabalho possui como justificativa a violncia contra sujeitos queer no espao urbano, e questiona, portanto, quem pode vir a pblico. Inicialmente, defende-se a cultura como elemento chave do direito cidade e busca-se entender sua utilizao, nas gestes urbanas, enquanto instrumento de espetacularizao do culturalismo de mercado e os fundamentos deste na heteronormatividade. Em relao a este processo busca-se, pois, alternativas de resistncia, na qual se analisa suas dimenses esttico-polticas, sujeitos, espaos e faz-se, como recorte do ensaio, interseces com a teoria queer.

Encontra-se como resposta a prtica crtica de arte dissensual queer, vista como fenmeno urbano, a partir da defesa do dissenso enquanto elemento que une arte e poltica. Defende-se o transbordar queer como jeito de fazer cidade a partir do ressoar constante de arte queer na rua como fluxo que mantm a tenso na arena pblica. A partir do transbordamento articula-se o conceito de reverberao atravs do qual se alcana a educao esttica, o ambiente necessrio para o alcance de uma nova coletividade possvel, na qual igualdade e diversidade existem enquanto valores de reconhecimento na urbanidade.

2021-1

Caderno Cartográfico na Pedreira Prado Lopes: urbanização de favela e extensão universitária entrelaçadas pela cartografia

Com este trabalho proponho desenvolver um caderno cartogrfico no qual conta a histria da urbanizao da favela Pedreira Prado Lopes (PPL), localizada em Belo Horizonte, que ocorreu via Oramento Participativo (OP). Esta comunidade uma das mais antigas da cidade e, por se localizar ao lado do centro da capital, atravessada historicamente por diversos interesses ligados ao Estado, ao Capital e sociedade civil, que, naquele territrio, significou a consolidaoda resistncia popular na luta pelos direitos dos favelados e por urbanizaoo em assentamentos informais no municpio.

Objetivo integrar a demanda dos prprios moradores da comunidade e meus interesses enquanto estudante, pesquisadora e futura arquiteta e urbanista. Isso significa, respectivamente: (i) visibilizar a histria da favela e de seu processo de urbanizao, conquistado com muita luta, mobilizaoo, trabalho de base e resistncia popular; e (ii), abordar a importncia do papel social da Universidade a partir da minha prpria experincia em projetos de extenso universitria em que participei ao longo do percurso de graduao e o papel da extenso universitria na formao de profissionais que estejam conscientes sobre a produo espacial das cidades brasileiras.

Em meu caderno cartogrfico, produto final deste TCC, a histria da favela sercontada pelos prprios moradores com narrativas suas ao longo do texto. Busco trazer a voz dos invisibilizados, a histria baseada no cotidiano por quem vive e tem sua origem no territrio e visibilizar o “outro lado” da histria.

Parte da cartografia transescalar trazida neste trabalho - narrativas locais, linha do tempo, mapas, fotografias - tambm se relaciona aos dois anos de extenso e pesquisa universitria na PPL em que participei com base no mtodo cartogrfico Indisciplinar - mtodo em construo pelo grupo de pesquisa Indisciplinar/UFMG e que, de modo geral, imbrica a teoria e prtica. Essa atuao ocorreu junto s pesquisas extensionistas Territrios Populares e Cartografia da Percepo Popular do Oramento Participativo em Belo Horizonte, aos projetos de extenso Geopoltica e Cidades e Urbanismo Biopoltico, ligados ao programa de extenso Ind.lab, e ao Grupo de Estudos sobre a Regio da Lagoinha, ligados ao Indisciplinar, e rede nacional do BrCidades.

Decolonizando a Relação Território e Preservação Natural: Aprendendo com a Comunidade Pesqueira de Naufragados/Florianópolis

A partir do s�culo XV iniciaram-se as Grande Navega��es, evento que marcou a divis�o do mundo em dominantes e dominados. Ap�s chegarem nas Am�ricas, os estados-na��es europeus come�aram o processo de domina��o e explora��o das mat�rias primas, das riquezas e dos povos que j� ocupavam esse espa�o – processo este nomeado de colonialismo. O dom�nio desse territ�rio e dessas popula��es n�o se deu apenas com a for�a e com a imposi��o. Junto a esses fatores, estabeleceu-se a estrat�gia de coloniza��o epist�mica, dada pela domin�ncia de certos conceitos, categorias, e vis�es de mundo.

Mesmo ap�s declarada a independ�ncia do Brasil, a coloniza��o epist�mica perpetuou-se, dando continuidade �s pr�ticas de colonialidade em territ�rio nacional. Dessa forma, parte significativa da produ��o te�rica e da forma��o pol�tica do nosso pa�s foi (e ainda �) constitu�da a partir de pilares etnoc�ntricos, silenciando as perspectivas e as demandas locais n�o conformantes e tidas como subalternas.

Dentre as pol�ticas arraigadas por concep��es da colonialidade temos as que definiram e orientaram as quest�es territoriais e ambientais em �mbito nacional. Essas, por muito tempo, desconsideraram o uso tradicional da terra, n�o legitimando a diversidade fundi�ria existente no Brasil, assim como definindo o ser humano, necessariamente, como ser degradador do ambiente natural.

Objetivando a preserva��o dos recursos naturais essenciais para a sobreviv�ncia, a partir da d�cada de 1970, s�o estabelecidas ao longo do globo, a partir de uma perspectiva etnoc�ntrica, ilhas de conserva��o ambiental, onde o homem pudesse reverenciar a natureza selvagem intocada. Esse processo, encontrou um embate em territ�rio nacional: as regi�es ricas em biodiversidade, as quais se tornaram unidades de preserva��o, eram as mesmas que, constantemente, abrigavam povos e comunidades tradicionais. Mesmo que a concep��o sobre essas �reas tenha se alterado com a Lei n� 9.985/2000, respons�vel em instituir o Sistema Nacional de Unidades de Conserva��o da Natureza (SNUC), ainda � dif�cil perceber a concilia��o entre o ser humano e natureza e o reconhecimento do direito desses povos permanecerem em seus territ�rios origin�rios.

Nesse sentido, em 1976, a praia de Naufragados, balne�rio da capital catarinense, passou a ser englobada por uma Unidade de Conserva��o estadual. Desde ent�o, a comunidade pesqueira a�oriana que ali reside e que realiza o manejo sustent�vel de seus recursos naturais perdeu o seu direito a permanecer em seu territ�rio historicamente ocupado. O presente trabalho visa, a partir de uma reflex�o cr�tica sobre as rela��es de poder e de colonialidade no �mbito do conhecimento, compreender as percep��es da comunidade de Naufragados acerca de seu territ�rio e as rela��es que a comunidade estabelece com o mesmo. Procurando contribuir para a comunidade com um material escrito a partir da perspectiva de um trabalho de conclus�o de curso de gradua��o em arquitetura e urbanismo, o trabalho finaliza com uma explora��o de instrumentos de planejamento s�cio-espacial que poderiam ser utilizados a fim de garantir a perman�ncia da comunidade e de suas pr�ticas de subsist�ncia de forma harm�nica com o ambiente natural.

Provocações sobre possíveis padrões estéticos no atual mundo das arquiteturas corporativas brasileiras: reflexões sobre o conceito de espaço-cenário em São Paulo e Florianópolis

Buscaremos apontar ao longo do presente trabalho a existncia de um imaginrio social dominante quanto a esttica da arquitetura hoje, assim como apontar alternativas de atuao e de novos padres estticos possveis dentro deste mesmo cenrio. Para isso, buscaremos analisar e estudar alguns padres estticos da arquitetura contempornea atravs de uma perspectiva que parte essencialmente de estudos culturais e noes como de o gosto sendo ele prprio uma construo social. Um imaginrio social quando se torna dominante uma questo interessante, importante
e delicada, pois ele tende, a partir da, a se tornar real - ainda mais real -, de maneira a se materializar, ser visvel para alm do mundo do imaginrio, partindo para o mundo concreto e edificvel - ainda mais no caso da arquitetura, uma mistura de arte com tcnica que envolve essencialmente a construo de objetos slidos, de construes. Nesse sentido, na perspectiva dos estudos culturais, admitimos que a elaborao de padres estticos, - ou, noutras palavras, admitirmos que a elaborao de gostos e anseios individuais -, so embasados, a priori, por um imaginrio social coletivo. Temos ento, dessa maneira, que um imaginrio social dominante pode tender formulao de um gosto dominante, assim como tender a formulao de padres estticos dominantes.

Trazendo esta reflexo para o contexto brasileiro, segundo pesquisa de censo do CAU/BR (2015), a arquitetura no Brasil hoje pode muito ser vista como “atividade de luxo” (Pinheiro, Aroldo. Ex-presidente do CAU. 2015), considerando que apenas 15% da populao tem condies de contratar um responsvel tcnico por suas obras, sendo que, do total entrevistado, apenas 7% so arquitetos (CAU/BR. 2015). Discutiremos aqui ento, portanto, as implicaes de um imaginrio social dominante para os padres estticos da arquitetura mais especificamente no caso brasileiro. Como forma de evidenciar materialmente as implicaes de um imaginrio social dominante para os padres estticos da arquitetura contempornea buscaremos aqui analisar em diversas escalas arquiteturas contemporneas nacionais. As anlises sero feitas de maneira que se aprofundam da maior para a menor escala: partem de anlises urbanas, seguem para anlises da volumetria e plantas de edifcios e pr fim a anlises na escala residencial (fachadas e ambientes de interiores). Tambm buscaremos analisar estas mesmas escalas em diferentes cidades, afim de investigar se existem limites geogrficos destes padres estticos hegemnicos. As cidades escolhidas para analise so Florianpolis, - cidade da onde se escreve e reside o autor do trabalho -, e So Paulo, que pela condio de polo financeiro e econmico no Brasil e pela sua fama de “cidade globalizada”, julgamos ser uma cidade caricata para expressar as tendncias - em especial de padres estticos - do mercado tanto global quanto nacional. Ademais, se buscar analisar tambm alguns veculos miditicos de arquitetura e se existem padres estticos nestes.

Por fim, nessa perspectiva, o presente trabalho acredita que intervindo em padres estticos podemos tambm estar intervindo, ainda que indireta e sutilmente, em processos culturais e num imaginrio social coletivo. No obstante ao fim do trabalho - e sendo esse seu objetivo principal - se buscar realizar e evidenciar propostas de formas alternativas para como atuar e intervir neste delicado e elitizado horizonte em que os arquitetos brasileiros hoje se situam (CAU/BR 2015) e que pode parecer, por diversas vezes, padronizar e limitar demasiadamente a esttica da arquitetura.

2020-2

Do céu ao rés-do-chão

Entre cidades e orçamento: potencializando a participação cidadã nas esferas de debate e deliberação a partir das novas tecnologias de informação e comunicação

2020-1

A cidade em jogo - Um simulacro da cidade contemporânea para o ateliê

Tm-se compreendidoo planejamento urbano como disciplina de pensamento complexo, cada vez menos comportada entre solues deterministas e ordenamentos rgidos de conhecimentos. Longe de ser um campo terico privilegiado, essa nova concepo acompanha um enredamento da dinmica social, que vm encontrando dificuldades em traduzir-se para narrativas totalizantes que a permitam estruturar-se objetivamente. Paralelo e inerente, o processotecnocientficoavana sobre a procriao da memria e do processamento mecnico de informaes, utilizando-se da exponencial capacidade de armazenamento de informaes para a virtualizao dos processos e produtos da sociedade, sujeitando o indivduo ao desdobramento de uma realidade estendida, essencialmente anacrnica e atpica. A cidade e a prtica do planejamento urbano tambm experimentam inmeras e sucessivas tentativas de virtualizao, atravs de jogos simuladores, ferramentas prticas de auxlio ou na prpria construo narrativa em ateli de urbanismo. O trabalho busca repensar a prtica de simulao atravs do jogo como ferramenta de ensino, atravs da estimulao de uma cidade inserida em sua prpria dinmica de virtualizao edentro de uma perspectiva de um urbanismo poltico que entenda a importncia que o indivduo toma em relao legitimao dos conceitos coletivos.

Cine Pedreira: cinema de rua e centro audiovisual no centro histórico de Florianópolis

O cinema uma das principais formas de entretenimento e lazer cultural para os brasileiros, entretanto e no diferente de outras formas de lazer e cultura, o acesso ao cinema sofreu uma segregao espacial e em consequncia uma “elitizao” no decorrer da histria.O cinema como forma de arte tem importante impacto cultural, poltico e histrico; ele influencia a vida das pessoas de diversas maneiras. Uma das maneiras mais perceptveis a de vivncia urbana.

Primeiramente as salas de cinemas eram localizadas “abertas” s ruas da cidade, tinham relao com seu entorno e com a dinmica de vivncia urbana. Hoje em dia a maioria dos centros de exibio de filmes esto localizados em shopping centers completamente “alheios” cidade e seu entorno, tendo relao apenas ao “microcosmo” de vivncia destes centros comerciais.Como arquitetos e urbanistas sabemos do impacto que podemos causar no comportamento das pessoas e na maneira com que as mesmas vivem e usam o espao construdo e espao urbano. A democratizao dos espaos pblicos e do acesso cultura e ao lazer so de extrema importncia e relevncia para a sociedade como um todo.

Este trabalho de concluso de curso tem como proposta um projeto que visa a adequao e reabertura dos cinemas de rua do centro histrico de Florianpolis afim de permitir e democratizar o acesso esta forma de arte hoje em dia to “isolada” da cidade alm de incentivar a vida urbana do centro histrico hoje to abandonado. Nele sero propostas diretrizes alm de intervenes projetuais a fim de qualificar esses espaos alm de oferecer novas alternativas de entretenimento cultural no centro de Floripa.

Entre janelas e fragmentos: um portal de reflexões dos efeitos da pandemia nos corpos confinados

Este trabalho parte de uma experincia para um experimento. Com base em fragmentos e reflexes acerca das janelas fsicas, virtuais e simblicas, abro um canal de investigao sobre as relaes dos corpos com seus respectivos locais de isolamento social. Ao olhar para a dimenso existencial na constituio de territrios subjetivos, lano o questionamento para me aproximar dos afetos possibilitados pelas janelas da pandemia, e com ele construir um material sensvel para realizar o compartilhamento dessa experincia. Por meio de desenhos, fotos, poesias e reflexes, te convido a uma viagem.

Palavras-chave: corpo - pandemia - afetos - janela

Hacking urbano: teoria e experimentação entre o físico e o digital

Este trabalho de concluso de curso prope a discusso, de forma investigativa, de novos paradigmas pertinentes ao campo espacial e de movimentaes urbanas a partir da popularizao de tecnologias da informao e comunicao. A disseminao de tecnologias computacionais a partir de meados do sculo XX possibilitou a abertura de novos campos prticos e tericos em todas as reas do conhecimento, fortalecendo paradigmas de relacionamentos, produo e consumo em rede. No campo da Arquitetura, avanos nas tecnologias digitais e na capacidade computacional, principalmente das mdias mveis, possibilitaram intervenes antes impraticveis, realizadas principalmente pela integrao entre camadas virtuais s camadas fsicas do espao. Para alm das mudanas na experimentao espacial, as camadas em rede permitem a troca de informaes entre atores e novas ferramentas para a participao cidad na construo de cidades contemporneas. Como concluso do trabalho, foi traado um panorama terico-argumentativo sobre modelos mais democrticos de cidades inteligentes e possibilidades de atuao envolvendo espaos hbridos. Como produto final, foi desenvolvido um livro que abrange uma discusso terico-pratica sobre o uso da tecnologia digital em ambientes urbanos.

Narrativa da Cidade

Neste trabalho, procura-se aprofundar linguagens e caminhos que podem ser explorados para entender as contradies socioespaciais da cidade e seus personagens em jogo, atravs da construo de narrativas de grupos marginalizados e invisibilizados na apropriao do espao pelo que entende-se como a “narrativa hegemnica”, passando pelo reconhecimento da importncia da identidade e da arte para este processo.

O processo de composição de Erich Mendelsohn: da música à arquitetura

Este trabalho pretende investigar as relaes que o arquiteto Erich Mendelsohn estabelece com a msica, com destaque para o seu perodo produtivo na Alemanha entre 1917 e 1933. A partir da leitura e anlise dos croquis e cartas trocadas entre ele e sua esposa Luise, percebe-se a importncia de peas musicais de compositores como J. S. Bach e Beethoven. A relao de Mendelsohn com Schnberg tambm desperta especial curiosidade pelas numerosas semelhanas na vida e obra, sendo a conciliao entre racionalidade e expresso um trao de ambos. A proposio de novos parmetros no os impede de estarem fundamentados na tradio da msica tonal. Estimulado pela msica de Bach, Mendelsohn articula as massas construtivas por meio do contraponto entre os planos e pensa no todo (das Ganze) da sua criao. O ritmo uma das ferramentas principais que o arquiteto usa para proporcionar conexo entre as partes e o pensamento como um organismo, no qual cada parte importa e se relaciona com o todo. Tal compreenso se efetiva na anlise das fachadas das Lojas Schocken, nas quais se observam diferentes frequncias de elementos de abertura ou revestimento relacionadas entre si. A caracterstica totalizante, expressa aqui como gestalt, se mostra como uma das maiores semelhanas entre os fluxos musical –que flui no tempo –e o arquitetnico –que flui no espao. Por meio dos seus croquis fantsticos, sendo diversos estimulados e at intitulados por peas musicais, Mendelsohn represa o fluxo do tempo e reinterpreta-o com o seu prprio instrumento, o lpis 6B. Nesse processo denominado como Stauung (represamento), realiza-se a apreenso do fluxo musical de forma subjetiva, para em seguida ser materializado no desenho. Ele no representado de forma literal, mas como uma nova interpretao, um desdobramento possvel da sua impresso. Constata-se que a msica proveitosa para compreender muitas de suas decises arquitetnicas. Mendelsohn encontra na msica de Bach uma forma contrapontstica que ainda no havia sido materializada, uma msica que no s fonte de inspirao subjetiva, seno uma referncia importante na concepo da sua arquitetura.


Palavras-chave: Erich Mendelsohn. arquitetura moderna. msica. expressionismo. esttica.

2019-2

"Gosto não se discute": Ensaio sobre a homogeneização estética na arquitetura e na cidade

O ditado popular de que “Gosto no se discute” utilizado para exprimir que tratando-se da subjetividade baseada na individualidade no h discordncia ou argumentao contrria, sendo assim, um imperativo mximo, mascara a realidade de que gosto pode ser influenciado ou definido pelo mundo exterior.
Este trabalho tem como objetivo investigar o senso comum que existe diante de discursos e escolhas arquitetnicas. Este senso comum no acontece ao acaso, ocorre de maneira arbitrria, e construdo socialmente pelas relaes sociais, polticas e econmicas e influenciadas pelo consumo, meios de comunicao e redes sociais, criando assim uma homogeneizao do gosto.

Deste modo, o propsito de tal trabalho desenvolver uma investigao atravs de experimentos fotogrficos e empricos, anlise de imagens e colagens e revises bibliogrficas para evidenciar esta homogeneizao. Assim sendo procuro fazer uma crtica a essa pasteurizao nas cidades investigando suas consequncias.

A mulher e o Centro de Florianpólis: explorando a vivência feminina no espaço público além do horário comercial

Para a mulher, negada a vida pblica, j que historicamente sua construo social de gnero lhe impe o papel da vida privada, dentro de casa, tendo a cidade como um lugar opressor ou ao menos perigoso. Este trabalho busca expor os fatores que impossibilitam a mulher de exercer seu pleno direito cidade e elaborar propostas que visam garantir a presena da mulher no espao urbano, ocupando e vivenciam o espao pblico do Centro de Florianpolis fora do horrio comercial.

Constructo Espacial Gay: Dinâmicas urbanas e lugares de encontro em Miraflores

Ao longo do processo de planificao urbana, convergem grupos maioritrios e minoritrios nos interesses de ocupao das cidades, criando polticas pblicas que estabelecem o poder social. Assim, a burocratizao espacial torna-se uma ferramenta dos grupos que definem a direo do desenvolvimento sociocultural da cidade. Para os grupos minoritrios, a identificao dos seus semelhantes tornou-se um processo fundamental para a consolidao deles dentro do espao urbano, sendo, os espaos de encontro, os lugares de criao socio-identitria dos seus indivduos e o reflexo das suas particularidades. Simbologias, mitificaes e corpos insurgentes se revelam nos espaos gays do bairro de Miraflores em Lima (Peru) e a necessidade de uma leitura fenomenolgica e reflexo, baseado nos seus frequentadores precisa para decodificar os espaos invisveis onde so realizadas as suas prticas identitrias.

Fachadas refletivas: influência sobre as edificações do entorno

Edifcios com fachadas envidraadas tem se popularizado no mundo entre os mais variados contextos climticos. Para controlar o ganho de calor atravs destas envoltrias, a indstria vidreira diversificou seus produtos com vidros que potencializam as reflexes dos raios solares para o exterior, flexibilizando a insero destes edifcios em climas tropicais. Sabe-se que os raios solares so compostos por uma srie de raios no visveis e tambm raios luminosos, cuja reflexo excessiva pode contribuir com o ofuscamento. Nesse contexto, considerando que o ofuscamento pode interferir ou incapacitar que um indivduo desempenhe suas tarefas e/ou comprometer seu bem-estar, com o intuito de controlar a reflexo oriunda das fachadas, alguns pases j dispe de normalizaes que delimitam a refletncia destas superfcies. Entretanto, alm de limitar a aplicao de materiais, coloca-se a legislao em questionamento, pois mesmo um vidro incolor simples com 8% de reflexo de luz visvel pode causar ofuscamento, uma vez que a ocorrncia depende do ngulo de incidncia do raio luminoso na superfcie. Assim, este trabalho prope um estudo de impacto de fachadas sobre o entorno, atravs de simulao computacional que avalie a ocorrncia de ofuscamento. A inteno que atravs desta ferramenta, o projetista seja capaz de avaliar a interferncia de seu projeto sobre o entorno, e proponha medidas mitigadoras, quando necessrio, em prol da qualidade do contexto urbano, evitando gastos futuros.

Palavras-chave: Fachadas envidraadas. Ofuscamento. Contexto urbano. Prdios vizinhos.

Frestas da cidade: um percurso

O TCC enquanto espao/tempo de concluso de uma etapa nos traz um importante convite a revisitar os processos, intentos e questionamentos que nos trouxeram at o aqui e agora. Ao reviver essa trajetria pude me deparar com qualidades latentes ao meu fazer e olhar sobre a cidade e o espao construdo, como elas consolidam a minha postura enquanto estudante de arquitetura e urbanismo, e que estmulos me levama melhor me relacionar enquanto indivduo propositivo nomeio coletivo.

De um percurso a princpio despretensioso vieram tona novas e fundamentais indagaes sobre a condio contempornea desses espaos e a nossa relao com eles. Frestas, brechas e espaos entre-dois inerentes no s materialidade urbana, mas tambm s relaes interpessoais que se desenvolvem atravs dela, surgem enquanto uma leitura outra desse espao corriqueiro e vulgar. O que aquilo que existe para alm dos tijolos e pedras que transforma construes em arquiteturas e arquiteturas em cidades por excelncia? Quais outras cidades em potencial se escondem nas entranhas daquela que nos compreende em nossas rotinas e afazeres cotidianos?

Deixo aqui o convite imerso neste processo de indagaes, inquietaes e proposies, bem como sua apropriao eexpanso enquanto um percurso pertinente a todos ns.

Jeitos de Cidade: ensaios sobre a dimensão coletiva na subjetividade urbana

Explorar as dimenses de coletividade da urbe e suas expresses na cidade, entendendo seus potenciais de fomento a uma sociedade mais justa, emptica e inspiradora a questo central deste trabalho. Trata-se de um trabalho investigativo, uma pesquisaaberta, que tenta entender e ressignificar a subjetividadeurbana, essa que transpassa as prticas e discursos da cidadecontempornea.
O trabalho funciona de maneira ensasta - emprica, cientfica e intuitiva - desde suas leituras e pesquisas at os estudos sobre acontecimentos urbanos e suas mltiplas formas de registro - fotos, vdeos, inscries em corpo e mente. Ensaia-se e enseja-se a costura de desejos e delrios urbanos outros, atravs de reflexes escritas e composies imagticas, suscitadas a partir da cidade - suas cenas, imaginrios e discursos . Das intenes mais distantes e pretensiosas que motivam este fazer: a de estimular prticas cidads favorveis a construo de ambientes com mais sentido humanos de vivncia e existncia.
Palavras chave: coletividade, cidade, subjetividade, jeito;

Mirante: desvendando a complexidade geométrica de paisagens na ilha

Olga: entre sentidos, corpos e espaço

experincia sf
1 ato ou efeito de experimentar(-se);
2 ensaio prtico para descobrir oudeterminar um fenmeno, um fato ouuma teoria;
3 Conhecimento das coisas pela prticaou observao.

Munidas de dvidas, crticas e curiosidade adentramos esse estudo. Incomoda a sensao de vivermos um cotidiano to dependente da imagem e da viso, num tal ponto de parecer estarmos perdendo cada vez mais a habilidade de sentir, comover, perceber, num processo de mecanizao dos corpos e das vidas. Isso nos leva a questionar ainda o modo como os afetos entre corpo-espao e corpo-corpo se do em meio a essa dinmica de anestesiamento.

Assim, so construdas prticas investigativas buscando explorar os espaos de modo incorporado, despertando e ativando o corpo e os sentidos no intuito de reconhecer tambm as camadas sensveis e invisveis do territrio.

Adotamos o estudo da experincia. O estudo enquanto processo. O trabalho como caminho. Sem esperar por um certo fim. Dando margem s diversas possibilidades de existncias, experincias, estudos, consideraes. A cidade tambm entendida como esse corpo-em-processo. Sempre sendo, estando, acontecendo. Sendo acontecida pelos corpos que a compem. Acontecendo nos corpos que a compem.

Assim constitui-se ento um processo de pesquisao atravs da experincia corpo-situada, elaborando leituras senso-perceptivas do territrio e dos corpos que o habitam, que sirvam de fonte de recurso para construo de pensamento crtico. Procuramos intervir no espao no intuito de causar perturbaes nas dinmicas pr-estabelecidas, ou, contratadas de maneira formal ou informal, buscando explorar de que maneira os corpos so agentes e tambm espectadores nessa dinmica.

O trabalho completo com seu percurso de leitura est disponvel no link: https://ondedesvio.wixsite.com/olga

Opus Urbanus: uma proposta de transformação na urbanidade de espaços da cidade através da performance de sapateado

Opus Urbanus uma pesquisa que tem como objetivo investigar se a urbanidade de determinados espaos da cidade se transforma perante uma performance de sapateado. Por meio desta, busca-se colaborar com o papel da Arquitetura e do Urbanismo, verificando a transformao da urbanidade a partir da interdisciplinaridade com a dana. Nesta pesquisa, acredita-se que o corpo pode ser uma ferramenta do arquiteto e do urbanista a ser explorada na sociedade contempornea, durante um processo de diagnstico, de projeto ou de simples interveno pontual em espaos da cidade.

Trabalhou-se com um grupo de danarinas, com o qual foram realizadas intervenes de sapateado registradas por diversos tipos de cmera com o intuito de se captar os acontecimentos nos espaos que passaram por esses ensaios experimentais. Como resultados, observou-se que estas intervenes realizam transformaes na urbanidade dos espaos, atuando na experincia das pessoas que o compem, mostrando a dana e o corpo como formas de resistncia em problemticas contemporneas apresentadas na cidade.

Palavras-Chave: urbanismo, urbanidade, dana

Os Ismos do Urbano: ensaios para um urbanismo ativista

Conflitos insurgem na cidade e desnudam, assim, as vinculaes entre os generalismos do sistema capitalista, seu entrelao aos localismos e aos novos urbanismos decorrentes das tendncias neoliberais que desenham as cidades contemporneas. No centro de Florianpolis, na rea leste da Praa XV, so intensas as transformaes que tomam corpo, num processo singular de gentrificao em nome da ascenso da economia criativa impulsionada pelo Centro Sapiens. O alisamento das texturas da cidade, esconde sua pluralidade e diversidade, silenciando narrativas urbanas estabelecidas l h tempos. Sobrepem-se um, entre outros ismos do urbano, estes apreendidos em contra-cartografias atravs de um ensaio experimental ativista.

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Conflicts appear in the city and uncover the link between the generalisms of the capitalist system, its interlace with the localisms and new urbanisms caused by the neoliberal trends that design the contemporary cities. In Florianpolis city center, on the Praa XV east, it is intense the transformations that take shape, in a singular process of gentrification on behalf of creative economy driven by the Centro Sapiens. The smoothing of the city textures hides its plurality and diversity. It hushes urban narratives established there in a long time - overlays one, between other urban "isms", these apprehended in anti-cartographies through an activist experimental testing.

2019-1

A UFSC como parque cultural: ensaios de desconstrução expositiva

As exposições sempre ocorreram como espaços de experimentação e expressão perante o público. Revelando o contexto histórico dentro do qual tanto a história da arte quanto a história da arquitetura são protagonistas da própria história das exposições, encontramos uma situação de importação e elitização cultural em nosso país, que obviamente está presente em outros tipos de instituição, como por exemplo a universidade, que essencialmente deve ser um espaço de experimentação radical. Tratar essas instituições e o próprio sistema da arte como públicos é necessariamente uma questão a ser discutida e criticada dentro da universidade, a qual sofre atualmente uma ameaça de extinção. As formalidades desnecessárias dos espaços de arte podem ser recicladas dentro do contexto fundamental ao ensino, que são as informalidades.

A prática expositiva na arquitetura tem o potencial de explorar o processo em detrimento do produto, ou da obra de arte aurática. Isso pode ser utilizado como uma estratégia de ensino, e assim trabalho com o campus da UFSC sob uma perspectiva de instituição cultural. O que uma exposição de fato é ou pretende ser, já que a história é alternadamente revisitada e esquecida num piscar de olhos? Além de que dizem que chegamos ao fim da arte. Através da prática de exposições pode ser possível perceber de que formas a arquitetura pode se disponibilizar como uma simples extensão física da arte, na forma de espaços públicos informais com institucionalidades recicladas. Trabalho com uma hipótese de ensino artístico e arquitetônico aberto, em que essas disciplinas se tornam híbridas com outras disciplinas ofertadas na universidade - uma rede de espaços em que os estudantes aprendem através de eventos, atividades e experiências culturais conectadas com o público - a população de Florianópolis e principalmente a comunidade do entorno do campus.

De Dreizehnlinden a Treze Tílias

De DreizehnlindenTreze Tílias, a cidade que considera-se “um pedaço da Áustria no Brasil”, pertence à um momento histórico recente. Fundada em 13 de outubro de 1933, foi concebida através de um Plano de Imigração com diretrizes específicas, que foram determinantes à formação e expressão de seu território. Mantendo vínculos estreitos com a Áustria, principalmente a região do Tirol, são diversas as manifestações e grupos culturais existentes desde sua fundação; a culinária, os grupos de Danças Folclóricas, a Banda, o Coral, o estudo da língua alemã, assim como o trabalho da madeira, seja nas esculturas ou na carpintaria. Estas representam parte de uma identidade historicamente construída, testemunhas da perpetuação de uma herança de determinada população, tempo e lugar.

Aquela parte vinculada ao Patrimônio Histórico edificado teve, ao longo do tempo, elos de identidade diversos; além da manifestação da cultura austríaca, emigrantes alemães e italianos também participaram na construção da paisagem de Treze Tílias. A partir da década de 1980 existiu a perpetuação, e posteriormente a obrigatoriedade, do chamado “Estilo Austríaco”, “Estilo Típico Trezetiliense” ou “Estilo Típico Tirolês” de construir. O mesmo pode ser carregado de significado, desde às técnicas construtivas que o caracterizaram, aos artesãos que seu rastro nele deixaram, aos rituais sob os quais foi construído, ao tempo em que existiu. No entanto, ele serve à produção cenográfica do "Tirol Brasileiro“ nos moldes da construção civil no Brasil, reduzindo-se à reprodução de determinados elementos de composição na fachada de edificações, independentemente de seu uso, gabarito, característica da via ou método construtivo. Seu potencial de ressignificação da memória desse lugar se reduz à reprodução de uma imagem que somente os olhos podem tocar. Como consequência, há a desvalorização e a descaracterização ou a demolição de edificações de valor histórico e artístico que não estejam em conformidade com os parâmetros estabelecidos ou que não mais cumpram as funções sociais, estruturais ou econômicas contemporâneas.

A visão é uma construção histórica. O entendimento desse olhar - a leitura do repertório imagético que levou à perpetuação dos símbolos existentes nesse lugar - através de fotografias e narrativas construídas ao longo do tempo; perpassa o entendimento dos lugares de memória desse território, vinculados àqueles que atualmente são idealizados como objetos de observação e consumo pela atividade turística. A criação de um movimento que desperte nestes lugares o testemunho do resto que ali existe - seja através do espaço, do gesto, da imagem ou de um objeto - pode ressignificar um rastro da memória transportada pela história. 

Elementos de sombreamento: ferramenta de apoio projetual

Com o intuito de controlar a radiação solar e a admissão da luz natural nas edificações, os elementos de controle solar podem ser excelentes aliados na conquista do conforto ambiental, garantindo a satisfação do usuário. A iluminação natural e o ganho de radiação solar no ambiente construído são processos dinâmicos que apresentam alterações temporais e espaciais. Este trabalho trata da análise projetual de diferentes estratégias de elementos de proteção solar com foco na quantificação das condições de conforto ambiental de edificações. Um dos objetivos iniciais do trabalho era confrontar as técnicas tradicionais usadas na concepção do desenho de brises com ferramentas de simulação computacional. Dessa forma, foram analisadas diferentes soluções de produtos existentes no mercado, e suas aplicações em cada orientação solar. Avaliou-se o efeito no ganho de calor interno e no controle da iluminação natural. Como resultado, foram identificadas as estratégias mais eficientes para cada orientação solar, com quantificação do grau de economia de energia e qualidade do ambiente lumínico. Observa-se que a análise por meio da Carta Solar e Máscara de Sombras pode gerar soluções com resultados inconsistentes. Por fim, um estudo de caso, o projeto de um edifício de escritórios, será proposto com aplicações de dispositivos tecnicamente viáveis, avaliandose a possibilidade de elaboração de uma ferramenta de suporte às decisões de projeto. 

Inquietações sobre o comportamento humano na cidade

Sobre minha mesa de trabalho, coloco meus pertences, ensaios, pesquisas, livros, tentativas e rascunhos; as coisas legais que tenho feito por impulsos ou inquietações. Esses vários trabalhos, experimentos, que estão intrínsecos às minhas vivências e meu corpo, são questionamentos, críticas ou proposições que permeiam o comportamento humano nas cidades. O muro, a arquitetura exclusiva ou a solidão, inseridos em um contexto de cidade dividida por barreiras físicas ou invisíveis, são artefatos que estudo, não para apenas criticar ou constatar análises feitas, mas, com a compreensão das suas qualidades, buscar entender o que nos leva a estes comportamentos e talvez como modificá-los, desejando melhorar as condições de viver. 

Pela Banda do Ribeirão

Pela Banda do Ribeirão

A colonização açoriana trouxe diversos aspectos culturais para as freguesias da Ilha de Santa Catarina. Assim, a implantação geográfica das freguesias mais a população de imigrantes nos rendeu uma rica identidade cultural, que somada à entidade - objeto de estudo desta pesquisa - nos mostra a importância destes elementos como patrimônio cultural.

Porém, antes de situar o objeto,  tratarei de alguns conceitos que influenciam diretamente na compreensão do assunto: a cidade contemporânea, espaço, paisagem, lugar e patrimônio cultural. O estudo foi  dirigido em três escalas. Na primeira, sobre a imigração açoriana no Ribeirão da Ilha. Na segunda escala, o foco será a freguesia. A partir disso, iremos verificar a importância da entidade ligada às práticas da comunidade, que é a terceira escala - das pessoas - como patrimônio cultural imaterial.

O objetivo é verificar a importância dessa instituição como patrimônio imaterial, com base nos conceitos citados anteriormente, já que em seu núcleo há uma sobreposição de tempos históricos, evidentes influenciadores de traçados culturais. A entidade escolhida é extremamente ligada à dinâmica social do bairro e se chama Sociedade Musical Recreativa Lapa.

Como método utilizei história oral, realizando cinco entrevistas com moradores e, acima de tudo, produtores da cultura que permeia tanto o Ribeirão como a entidade escolhida. Análise de documentos, como fotos históricas, livros e textos escritos pelos entrevistados também fizeram parte do método. E para ilustrar e entender as práticas do objeto no espaço público, foram feitos croquis a partir de fotos, a fim de explicitar os dois planos banda-paisagem, variando de urbana ao natural.

A Banda da Lapa, como é conhecida, é analisada neste trabalho a partir de cinco grandes faces. Começando com a interface pública, sua prática e suas relações com o lugar. A partir disso, ramifico em suas ligações com a Igreja, o carnaval, a comunidade e a música ilhoa. Terminando a parte teórica numa breve justificativa para registro desta entidade centenária como patrimônio imaterial de Florianópolis.

O Processo de Registro

Paralelamente, segui em outra frente para o trabalho que é a tentativa de Registro de Patrimônio Cultural Imaterial de Florianópolis. Esta ideia surgiu depois de pesquisas mais aprofundadas para a realização da parte teórica. O registro é para a entidade e sua prática, não o espaço físico que ela ocupa. O bem seria registrado no livro de Formas de Expressão. Inicialmente, seria somente a Banda da Lapa, e todos os textos foram feitos pensando nesta finalidade. Porém, houve uma proposta por parte da Casa da Memória para realizar um processo para as Bandas Centenárias da Ilha, sendo elas: a Sociedade Musical Recreativa Lapa, a Sociedade Musical Amor à Arte e a Sociedade Musical Filarmônica Comercial. Os capítulos deste trabalho, além da reunião e organização, por parte da Banda da Lapa, integram no dossiê de início de registro do processo.

 A proposta

Proponho um estudo preliminar, com caráter de salvaguarda,  que leve todas estas questões discutidas na parte teórica e no registro do bem. Será proposto uma readequação do espaço da Banda, articulando a quadra onde a mesma está inserida, que em seu miolo, estará interconectada pelo eixo escola Dom Jaime - Centro Social - proposta de espaço público - trapiche, formando um percurso cultural que liga as atividades das escolas, as feirinhas do Centro Social e a escola de música e sede da Banda. Este espaço terá como função propiciar expressões e apresentações culturais.

Um desarranjo brasileiro entre o morar e a habitação

Mediante o estudo da percepção humana de espaço e a história habitacional brasileira é possível encontrar lacunas que evidenciam a falta de coerência entre a produção de residências e seu uso habitacional. Em alguns casos gerados por uma tradição construtiva, em outros perante uma pressão imobiliária e mercadológica mais atual, comumente negligenciando a saúde mental e psicológica espacial do indivíduo, da família, ou até mesmo um bairro inteiro.

O estudo se atenta ao desenvolvimento da habitação nacional para tentar compreender como se estabeleceu essa relação entre as residências brasileiras e seu modo de morar, através de uma abordagem interdisciplinar, observou-se como diferentes atores interagem para a formação dessa relação e qual seu impacto na qualidade da vida domiciliar atual.

VENTILAÇÃO NATURAL E DESEMPENHO TÉRMICO DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - GARANTIA DA QUALIDADE PELAS LEGISLAÇÕES, REGULAMENTOS E NORMAS VIGENTES

 

Segundo o relatório global do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, 2016), o gasto energético das edificações representa mais de um terço da energia final consumida globalmente, e contribui em cerca de um quarto das emissões de gases estufa em todo o mundo.

Edifícios com consumo energético mais eficiente são uma resposta sustentável aos desafios ambientais e econômicos da atualidade.

Além dos ganhos financeiros e ecológicos agregados pelo uso da ventilação natural no projeto de novas edificações, a exploração deste recurso propicia espaços mais agradáveis e saudáveis à ocupação humana.

Para que o arquiteto possa projetar edifícios com ventilação natural eficiente, é necessário que sejam de seu conhecimento as características climáticas do local de implantação da edificação, visto que cada localidade apresenta características específicas.

Com o intuito de otimizar o desempenho térmico das edificações em cada uma das regiões, as normas vigentes propõem uma divisão do território brasileiro em oito zonas climáticas.

Lamberts, Dutra e Pereira (2014), afirmam que para a maior parte das capitais brasileiras a ventilação natural é indicada como principal estratégia bioclimática em mais de 4.380 horas  durante o ano para melhoria do desempenho térmico, com isto, pressupõe-se que uma maior área de ventilação pode promover maior ganho e perda de calor, logo, é necessário buscar o equilíbrio entre esses requisitos, visando economia de energia.

Tendo em vista, identificar se os parâmetros mínimos das normas em relação ao tamanho de esquadrias e da rotina de abertura garantem qualidade nas habitações de interesse social, procedeu-se à análise crítica das normas vigentes comparando-as com resultados obtidos através de simulações computacionais.

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Ensaios para uma cidade aberta: multissensorialidade e a forma-tipo

Na competência de arquitetos, nosso maior objeto de estudo é o espaço da cidade. Precisamos, ainda, compreender e contemplar os usuários de nossos projetos. Mais complexo, porém, - e ainda mais imprescindível - é interpretar a relação entre as pessoas e o espaço.

Quando incorporamos esses dois fatores, estamos lidando com inúmeras camadas invisíveis sobrepostas, tornando visível apenas a camada a qual denominamos realidade.  Para essa investigação, é preciso nos colocarmos também papel de citadinos, para melhor perceber o que o espaço urbano nos oferece e de que formas ele nos afeta.

É necessário, portanto, que analisemos também o contexto em que nos vemos inseridos. A sociedade atual, do ponto de vista histórico, vive momentos nunca antes imaginados, com a era do acúmulo de informação através de múltiplas mídias, e é inegável perceber o quanto isso se traduz na apropriação da cidade pelas pessoas.

A arquitetura, antes representada por monumentos feitos para durar, hoje se torna facilmente obsoleta e anacrônica, estática e fechada em si diante de um modo de vida completamente dinâmico e acompanhado de novas necessidades.

Nos dias de hoje, ao caminhar pelas cidades, o sentido da visão não se mostra suficiente para compreender os espaços em sua totalidade, o que demonstra quase um contrassenso na era do bombardeio de informações visuais. Os espaços carregam, - mais do que um cenário às atividades cotidianas, - memória, sentido, registros e outros diversos estratos de imaterialidade que nos passam despercebidos. Entretanto, tampouco é fundamental que tenhamos tal compreensão, pois seguimos em um fluxo que exige de nós apenas o imediato, tornando superficial nossa experiência no espaço urbano.

Como as cidades invisíveis de Calvino, nossas cidades estão repletas de fragmentos de realidades, que como um mosaico, se organizam no imaginário de cada um a partir de suas vivências, formando uma imagem esfacelada e mutável.

Ao longo dos anos estudando arquitetura e urbanismo, no entanto, percebi que este campo tem um grande potencial de transformação: mais do que transformação dos espaços, transformação das pessoas - sem as quais não existiria espaço qualificado. Essa transformação em si não está diretamente ligada somente ao projeto enquanto tectônica, estrutura materializada, mas à sua imaterialidade, que carrega consigo a construção das possibilidades. O vazio que é preenchido com os valores humanos de cada um, capaz, assim, de proporcionar experiências e tornar-se parte da memória de alguém.   

Os presentes ensaios serviram como método de experimentação da cidade, e serviram na elaboração de uma forma-tipo visando uma cidade mais aberta, incorporando ferramentas contemporâneas como a virtualidade para ampliar as noções de tempo e espaço. 

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Do lugar ao não lugar: Reflexos da cidade contemporânea no Mercado Público

Os não lugares estiveram corriqueiramente presentes em minha vida, e talvez esse seja um dos motivos pelos quais esse tema me intriga. Eu percebi isso mais precisamente depois que fui apresentada a essa definição. Assim, o interesse pelos não lugares surge um pouco ao acaso, da curiosidade de entender melhor os espaços e suas relações humanas.
Alguns conceitos estudados por mim, tal como espaço, lugar antropológico e não lugar, me permitiram tomar consciência das transformações que surgem na cidade e vão modificando o espaço. Tomo como estudo de caso o Mercado Público de Florianópolis e o seu entorno, por acreditar que o mesmo esteja em processo de se tornar um não lugar.
No contexto da atual sociedade consumista contemporânea, entendo que as mudanças ocorridas no Mercado e seu entorno, como seu último projeto de revitalização geram a mercantilização da cidade contemporânea, contribuindo para uma higienização espacial e social. O atual Mercado Público possui elementos que aparecem como genéricos e homogeneizadores. E que impõem normas e padrões “estranhos” ao lugar, fragmentando e desfigurando o território e caracterizando uma perda de relação subjetiva com o espaço. Por outro lado, ainda existem alguns elementos que caracterizam resistência a esse processo e representam as singularidades produzidas no território, com caráter plural, identitário e histórico.
Este trabalho propõe uma leitura da cidade a partir da sistematização do conceito de não lugar. De modo a investigar e apontar o processo de espetacularização e mudanças que acontecem na cidade contemporânea de modo geral e como ela se apresenta no Mercado Público atualmente. E assim, a ideia é estimular um outro olhar e um pensamento crítico sobre o espaço.

 

 

Percepções sobre uma urbe texturizada: devaneios em sombras, sobras e dobras no espaço

O movimento, na verdade, pode ser uma impresso. A fragmentao do tempo faz com que percebamos os momentos de imobilidade, que apreendidos continuamente causam a iluso do movimento. Os corpos que se agitam e se mexem o tempo todo na urbe texturizam-na, num eterno jogo de ranhurar as superfcies, que acumulam essas marcas, feitas pelas massas corpreas que se acumulam e se desmaterializam enquanto parecem se movimentar. Sombras, sobras e dobras acontecem o tempo todo na cidade e dependem da relao corprea entre corpo cidado e corpo cidade, numa mistura de massas (corpreas e edificadas) que ocasiona a impresso de movimentos sobre suas superfcies. Os movimentos dos corpos cidados ficam embebidos em tintas, que escorrem e se acumulam no potencial texturizado das paredes, sendo esta uma urbe texturizada.

Aproximação, Intersecção, Reverberação - Habitando e construindo narrativas pelas espacialidades do comércio de rua

Se eu pudesse pensar em uma imagem para este momento chamado TCC, ela seria uma imagem em movimento. Aproximação, Intersecção e Reverberação, são movimentos que compõem este trabalho. Ele vai se constituindo na medida em que se movimenta e não almeja um destino final. O próprio movimento/trajeto é visto como destino. 

Aproximação:
O movimento de aproximação tenta me aproximar de um pensar e fazer Arquitetura e Urbanismo. Cada corpo contém (e é) uma espiral em movimento. O processo TCC busca me aproximar dessa espiral: investigar, questionar e compreender quais valores e condições humanas compõem seus movimentos. . O grande acerto, seria condicionar a espiral aos movimentos mais familiares e prazerosos, potencializando-os. O TCC é este momento: uma busca por um equilíbrio dinâmico que dá intensidade a uma espiral que já se encontra em movimento antes mesmo do próprio TCC começar.   
Durante este processo de aproximação, o Fotografar, o Dançar e o Desenhar revelaram o Construir e o Habitar como valores humanos fundamentais na construção dos movimentos desta espiral. 
 
Intersecção:
A intersecção o movimento que me impulsiona ao encontro das espirais e dos valores das(os) comerciantes de rua. É quando o meu estado de espirito encontra o estado de espirito do outro. Neste trajeto de encontros e desencontros - um constante encontrando- surgem pontos (e manchas) de intersecção que contém valores humanos que nos são comuns.
As intersecções se sustentavam na forma de narrativas. A narrativa da Espacialidade da Troca inicia os movimentos deste trabalho. Uma outra, revela a espacialidade dos comerciantes não só enquanto troca, mas também enquanto o Habitar e Construir o espaço-tempo da rua. As duas narrativas espelham valores e condições humanas da vida nas cidades. 
 
Reverberação
Ao potencializar os movimentos de intersecção acontece a possibilidade de expandir este movimento e reverbera-lo. O que se reverbera são os movimentos percebidos nas intersecções. Reverberar significa tentar contribuir para que o universo de uma pessoa (e o meu) possa se ampliar por um instante. Talvez, nesse reverberar, essa pessoa também se reconheça nas espacialidades do comércio de rua, em determinadas condições de espaço e tempo.
A reverberação é o movimento em que o trabalho faz sentido e refaz seus sentidos, procurando expandir os sentidos do próprio TCC.
Ainda que limitado, o caderno de TCC já é uma reverberação.

 

Blumenau espetacular: ensaios de resistência

O título deste trabalho faz referência à obra “A Sociedade do Espetáculo” (1967) do escritor francês Guy Debord, onde é feita uma crítica às relações sociais na contemporaneidade, que segundo o autor, passaram a ser mediadas por imagens e representações em forma de espetáculos. Sob esta ótica, explora-se o sentido de espetáculo debordiano ao encarar a imagem germânica atribuída à cidade de Blumenau nas últimas décadas como uma forma de espetacularização urbana. A competição por turistas e investimentos, motivou o poder público a construir e vender uma imagem da cidade. A partir do final da década de 1960, buscou-se na colonização germânica a justificativa para a construção de uma imagem identitária cenográfica para a cidade, mesmo que Blumenau já fosse etnicamente miscigenada devido aos fluxos migratórios provenientes da sua industrialização. Este paradigma se materializou na cidade através dos projetos ditos de “revitalização urbana”, que através de uma estratégia homogeneizadora, espetacular e consensual buscaram transformar o espaço público em cenários. Contudo, um processo de resistência coexiste com o espetáculo: na cidade, proliferam-se movimentos contraditórios, não sendo um campo de operações programadas e controladas.Segundo a autora Paola Jacques, a cidade deixa de ser uma cenografia no momento em que é vivida. As experiências do corpo na cidade formam um contraponto à imagem rasa da cenografia urbana e da cidade espetacularizada, através da enorme potencia da vida coletiva. Partindo de uma leitura sensível da cidade de Blumenau, buscou-se apreender e mapear ações desviatórias do espetáculo como uma forma de resistência. A partir desta análise, este trabalho rumou para ações propositivas em forma de ensaios. Estes ensaios são propostas de intervenções que exploram o campo da possibilidade, objetivando catalisar movimentos de resistência ao espetáculo no centro fundacional de Blumenau, possibilitando e potencializando usos efêmeros, ligados à arte, à cultura e a vida cotidiana dos moradores da cidade. Consistem em intervenções em diferentes locais e escalas, onde juntas, formam um circuito de espaços públicos contra-hegemônicos.

Cartografia da percepção: a cidade em vistas parciais

Durante a infância somos constantemente estimulados a desvendar nossos sentidos, ampliar nossas percepções, “conhecer o mundo”. Sob a assertiva de que já absorvemos o suficiente, vamos, pouco a pouco, desconhecendo-nos. Não tiramos mais os sapatos para pisar a areia, nem pintamos com os dedos para não sujar os pés ou as mãos. Por julgar já conhecer, não nos permitimos  sentir, mais uma vez, o aroma da flor, a textura áspera da pedra. Ao acompanhar a produção arquitetônica atual, seus rumos e tendências, deparo-me com uma Arquitetura sobretudo visual, que visa sua propagação nas mídias de massa através de fotos - vistas parciais - que, por sua vez, são estáticas, ainda que a Arquitetura manifeste-se, essencialmente, em sua fruição dinâmica. O que compreendemos como determinado objeto é, na verdade, uma coletânea de diferentes vistas - adumbrações - as quais nos conferem uma ideia do todo. A cidade é, portanto, "um objeto que nunca foi e nunca será visto em sua inteireza por ninguém" (ARNHEIM). A vivacidade altera constantemente a conformação do espaço público, por intervenção das pessoas, dos eventos e de suas respectivas apropriações. Na proposta, criam-se novas vistas parciais à cidade por meio das experiências.

 

 

Cenografia - Uma Atividade Interdisciplinar

Estudos Sobre a Cidade e a Arte Urbana | Hip Hop um respiro em meio ao cinza

Este trabalho se constitui em um estudo sobre a cidade e a arte urbana, tendo como recorte as manifestações artísticas vinculadas à cultura Hip Hop e a cidade de Florianópolis. A partir de uma leitura crítica sobre os mecanismos de espetacularização e segregação urbana que compõe as cidades contemporâneas verifica-se a necessidade de valorização dos instrumentos de resistência que contrariam esta lógica higienista de ocupação dos espaços. Por isso, este trabalho traz as práticas artísticas do RAP, Breaking e Graffiti enquanto ferramentas para o uso e a apropriação do espaço público de forma a incentivar a democratização dos mesmos, e a possibilidade autonomia por parte dos usuários.

Com este trabalho espero disseminar o conhecimento sobre a cultura Hip Hop, valorizando esta forma de manifestação artística e contribuir para uma leitura mais sensível sobre a cidade e seus mecanismos de repressão social.

Link para acesso do caderno: https://issuu.com/j_milan/docs/caderno

Link para vídeo de introdução sobre a Cultura Hip Hop: https://www.youtube.com/watch?v=_IoroC3bnEs&t=8s

Memória e Imaginação: Ensaios sobre o “Parque da Cidade Roberto Burle Marx”

 

O presente trabalho, motivado pela memória afetiva que carrego de minha cidade natal, se define por um ensaio propositivo para o Parque da Cidade Roberto Burle Marx, maior parque público de São José dos Campos-SP. A paisagem do parque é composta pela sobreposição de diferentes momentos históricos: as instalações de uma antiga fazenda, um complexo fabril desativado, jardins projetados por Roberto Burle Marx e diversos edifícios modernistas de autoria de Rino Levi, muitos destes subutilizados. Desse modo, o ensaio é o resultado de um debruçar-se sobre o existente, tomando-o como substrato fértil para a imaginação das possibilidades contidas condição atual.  Este se comunica-se por meio de aquarelas, que se tornam a substância que dá forma à imaginação e expressa qualidades e dimensões que não poderiam ser contemplados pela representação técnica. Pretende-se aqui, antes de planejar e demonstrar a exequibilidade de tais ações, estimular e convidar o leitor a co-imaginar estes possíveis, envolvendo-os com a singularidade do Parque. 

Link para o caderno: 
https://issuu.com/arqmariaeduardalima/docs/terceiro_teste_caderno_issu​