Trabalhos de Conclusão de Curso

Trabalhos orientados por Karine Daufenbach, Profa. Dra.

Foram en contrados 12 trabalhos

2023-1

Revistas de papel e o papel das revistas: a revista Projeto na década de 80

Este trabalho investiga a contribuio da revista Projeto na dcada de 1980, como uma das principais publicaes comerciais de Arquitetura e Urbanismo da poca no Brasil, em especial, a partir de sua relao com o processo de redemocratizao, considerando sua posio como catalisador dos mais diversos debates na dcada. O recorte temporal inclui a crise poltica e social oriunda da ditadura civil-militar e a crise conceitual no campo da arquitetura, privilegiando a anlise de artigos publicados dentro da revista Projeto, dando destaque s sees de jornalismo, opinio e entidades. O objetivo articular o debate realizado nestes documentos com os acontecimentos da poca e se aproximar de suas reverberaes no Brasil, debatendo as pautas levantadas, relacionando-as s questes da “neutralidade”, do lugar que a Projeto ocupou dentro do debate brasileiro e de sua relao com a crtica de arquitetura, da qual foi grande disseminadora.

2020-2

Do céu ao rés-do-chão

2019-1

De Dreizehnlinden a Treze Tílias

De DreizehnlindenTreze Tílias, a cidade que considera-se “um pedaço da Áustria no Brasil”, pertence à um momento histórico recente. Fundada em 13 de outubro de 1933, foi concebida através de um Plano de Imigração com diretrizes específicas, que foram determinantes à formação e expressão de seu território. Mantendo vínculos estreitos com a Áustria, principalmente a região do Tirol, são diversas as manifestações e grupos culturais existentes desde sua fundação; a culinária, os grupos de Danças Folclóricas, a Banda, o Coral, o estudo da língua alemã, assim como o trabalho da madeira, seja nas esculturas ou na carpintaria. Estas representam parte de uma identidade historicamente construída, testemunhas da perpetuação de uma herança de determinada população, tempo e lugar.

Aquela parte vinculada ao Patrimônio Histórico edificado teve, ao longo do tempo, elos de identidade diversos; além da manifestação da cultura austríaca, emigrantes alemães e italianos também participaram na construção da paisagem de Treze Tílias. A partir da década de 1980 existiu a perpetuação, e posteriormente a obrigatoriedade, do chamado “Estilo Austríaco”, “Estilo Típico Trezetiliense” ou “Estilo Típico Tirolês” de construir. O mesmo pode ser carregado de significado, desde às técnicas construtivas que o caracterizaram, aos artesãos que seu rastro nele deixaram, aos rituais sob os quais foi construído, ao tempo em que existiu. No entanto, ele serve à produção cenográfica do "Tirol Brasileiro“ nos moldes da construção civil no Brasil, reduzindo-se à reprodução de determinados elementos de composição na fachada de edificações, independentemente de seu uso, gabarito, característica da via ou método construtivo. Seu potencial de ressignificação da memória desse lugar se reduz à reprodução de uma imagem que somente os olhos podem tocar. Como consequência, há a desvalorização e a descaracterização ou a demolição de edificações de valor histórico e artístico que não estejam em conformidade com os parâmetros estabelecidos ou que não mais cumpram as funções sociais, estruturais ou econômicas contemporâneas.

A visão é uma construção histórica. O entendimento desse olhar - a leitura do repertório imagético que levou à perpetuação dos símbolos existentes nesse lugar - através de fotografias e narrativas construídas ao longo do tempo; perpassa o entendimento dos lugares de memória desse território, vinculados àqueles que atualmente são idealizados como objetos de observação e consumo pela atividade turística. A criação de um movimento que desperte nestes lugares o testemunho do resto que ali existe - seja através do espaço, do gesto, da imagem ou de um objeto - pode ressignificar um rastro da memória transportada pela história. 

2018-2

"Eu sou cria do 25": um resgate da identidade coletiva do Morro do 25

link para o flipbook do caderno: https://www.flipsnack.com/anale24/eu-sou-cria-do-25.html

Desdobrar Cidade: Leituras da Cidade Acervo

A cidade acervo

A cidade é um apanhado de documentos materiais e imateriais: em especial, os núcleos antigos podem ser entendidos e explorados como verdadeiros acervos da evolução da cidade, por serem lugares com maior acúmulo de tempos (SANTOS, 1997). Mais ainda, os centros fundacionais também podem ser considerados acervos vivos, pois os objetos acumulados em seu território são continuamente atualizados e reinseridos na vida cotidiana a partir das práticas do lugar, o que os mantém no devir histórico.

Nesse sentido, para este trabalho, a cidade acervo (vivo) é aquela na qual se aprecia a continuidade da vida urbana – se entende por vida urbana aquela que abraça as atividades e camadas populares, prin­cipalmente porque estas são marcas dos núcleos antigos das cidades deste país. Mantida essa vocação, fica resguardado um sentido que apenas esses centros fundacionais tem para as suas cida­des. Assim, a cidade acervo também cumpre com uma missão educadora, sendo capaz de ampliar o sentido de cidadania justamente por ser lugar de resistência e de garantia do direito à vida urbana.

 

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Desdobrar cidade é um movimento de decupagem da cidade acervo. Esse movimento se realiza no ato de desdobrar ele­mentos e objetos da paisagem – em fotografias – do centro funda­cional de Florianópolis, revelando narrativas vinculadas às dobras. Com isto, busco mostrar a paisagem em evolução, cujas transformações – processos de ruptura, atualização, continuidade, resistência – paradoxalmente permitiram a manutenção do sentido do lugar e a sua contínua reinserção no curso do tempo. Busco também mostrar a vida que anima tais paisagens; o urbano rico e complexo sendo desvelado por entre as dobras da cidade acervo.

Há uma parte do material que é analógica, podendo ser acessada na prancha física

 

O porto e a cidade. Costura urbana no centro fundador de Manaus

O devido trabalho é a proposição de enaltecimento da Identidade e da História de Manaus. A unificação das diversas manifestações socioculturais que o organismo da cidade possui. A proposta de uma espacialidade que una todas as identidades e personalidades da cidade, unindo ao único espaço comum a todos, o seu centro fundador. O centro fundador que se encontra na área portuária da cidade e que hoje se percebe um forte processo de gentrificação. O projeto consiste em unir as diversas manifestações culturais de Manaus, transmitidas através das artes (teatro, música, dança, arquitetura) com a espacialidade histórica do patrimônio portuário e arqueológico do centro fundador, percebidos no quarteirão da borracha, uma quadra com edificações em ruínas que estão na administração do porto e que estão na área de transição entre o porto e o centro fundador. O trabalho se propõe combater os processos de privatização da área e expulsão da população residencial e em condições de rua do entorno, unindo processos de incentivo à moradia, assistência social e de produção de conhecimento e reconhecimento cultural na cidade.

Paisagem no Tempo: intervenções na Fortaleza de Araçatuba e seu entorno

A Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba foi construída em 1742, na pequena ilha de difícil acesso ao sul da Ilha de Santa Catarina. Atualmente, do seu complexo, restam apenas ruínas.

Este projeto propõe intervenções, as quais permeiam diferentes escalas, a fim de revelar a complexidade do conjunto que é formado pela Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba e sua paisagem envoltória, composta pela Barra Sul (Naufragados) e Baixada do Massiambu (Praia do Sonho e Ponta do Papagaio). Foram feitos estudos de visualização do objeto arquitetônico, a partir das porções terrestres, que resultaram em um plano geral para área. Na grande escala, a intenção é valorizar e trazer à luz o monumento esquecido no imaginário e itinerário da cidade, ao passo que propõe a unidade do entorno como parque. No projeto, leva-se em conta as trilhas já existentes, a proposição de interligações entre elas, além de indicações para locais de apreciação da paisagem, equipamentos que ampliem a permanência e bases de apoio nas duas porções terrestres, para gestão do parque.

Adentrando na escala que contempla a ilha de Araçatuba e as ruínas da fortaleza, as intervenções são divididas em seções: permanentes e efêmeras. Primeiramente admite-se o sítio como uma base para diversas manifestações. No entanto deve-se prever itens de infraestrutura mínima para apoiar a visitação, que devem seguir padrões de segurança, durabilidade e formalmente serem elementos com certa neutralidade. As intervenções efêmeras, por outro lado, são proposições artísticas que, funcionais ou não, recontam parte da história da ocupação e da leitura do lugar, de maneira lúdica e não literal. Tais ações são idealizadas a fim de intensificar a percepção da passagem do tempo na fortaleza, assim como foram seus ápices e declínios enquanto unidade funcional.

Ressignificando o patrimônio: uma alternativa para a Fábrica de tecidos Renaux de Brusque

    Quando transitava pela avenida Primeiro de Maio em minha cidade, Brusque, Santa Catarina, a imponência da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux era algo que me chamava a atenção. Desde o ano de 2013 a fábrica decretou falência e eu assisti seu espaço físico ser entregue aos efeitos do tempo e da degradação. Sempre imaginei o que poderia vir a ser esse espaço já que seu uso original não lhe servia mais, e dessa curiosidade nasceu o tema para esse trabalho de conclusão de curso. 

    Em busca de uma melhor compreensão sobre o tema e de forma a preservar a integridade da memória acima de qualquer inserção, estudei a história não só da fábrica mas também da cidade em que está inserida e entendi que uma é diretamente influência da outra. Logo, repensar esse parque fabril não seria só uma ânsia pessoal, mas também uma maneira de manter viva a memória da população brusquense.

    A cidade complexa, aquela que mantém sua história preservada ao mesmo passo em que investe em seu futuro é o foco em que este trabalho embasa, buscando criar uma mentalidade voltada à preservação, e mostrando maneiras de se lidar com esse legado arquitetônico. A fábrica de tecidos Carlos Renaux é apenas um caso em uma cidade em que as fábricas por vezes centenárias deixaram de se tornar parte atuante da economia e que o espaço físico tem tamanha proporção que sua demolição seria insustentável. O trabalho que começou como uma vontade de desconstruir pensamentos daqueles que acreditam que a solução é a demolição, acabou por tornar-se um exemplo de como esse pensamento poderia ser empregado. Dando à uma fábrica uma diretriz e inserções, sejam elas arquitetônicas ou intencionais de forma a torná-la presente no cotidiano da cidade e não somente uma observadora passiva.

2017-2

Cidade Subjetiva

Este trabalho propõe-se investigar a retomada da experiência subjetiva na cidade, como uma forma de reverter a espetacularização dos centros históricos, a partir de intervenções urbanas que estimulem o olhar e o pensamento crítico. Tomo como estudo de caso o bairro da Pedreira, porção do núcleo histórico localizada a leste da Praça XV, na cidade de Florianópolis.  

Tais intervenções pretendem modificar a percepção dos habitantes da cidade em relação aos locais que convivem diariamente, como forma de resgatá-los do automatismo e da velocidade que a cidade contemporânea impõe. Minha proposta é que o corpo que vivencie as intervenções, consiga durante a experiência, atualizar uma memória quase que inconsciente, uma subjetividade.

O ponto de partida para a concepção das intervenções, foram as minhas experiências objetivas e subjetivas pela Pedreira, principalmente aquelas vivenciadas durante a construção desse trabalho, assim como, minhas motivações e inquietações. As intervenções se dividem em duas instalações temporárias e uma permanente, que constituem um processo de transformação da cidade e dos corpos que nela habitam.

A primeira e a segunda etapa, começam com as intervenções temporárias, que são os elementos propulsores da transformação, elas têm por objetivo mobilizar os habitantes a fazer parte desse processo. Já a terceira etapa, fica de forma permanente no bairro, dando suporte a comunidade e também se destacando como uma marca física desse acontecimento. Espera-se, portanto, que as experiências subjetivas, causadas pelas intervenções, transformem o modo como vemos o espaço e que continuem acontecendo diariamente ao se viver a cidade.

 

Palavras chaves: Subjetividade; espetacularização; intervenção-urbana.

2017-1

Casa de Acolhimento ao Migrante

A migração e o refúgio são assuntos recorrentes na mídia e nas cidades. Segundo a ONU, até o final de 2016, 65,6 milhões de pessoas se viram forçadas a deixar seus locais de origem por diferentes tipos de conflito (Relatório ACNUR, 2016). O migrante quando chega ao novo lugar precisa de um tempo de luto, para superar todas as suas perdas, compreender os choques culturais, que muitas vezes abalam a sua identidade, além da necessidade de se conectar e entender a dinâmica da nova cidade. Buscando atender todas as necessidades desse público, o projeto proposto visa conceber uma Casa de Acolhimento, com o objetivo de ser um espaço de acolhida e recepção para esses migrantes e refugiados, proporcionando-lhes uma primeira morada, ainda que temporária. O local escolhido foi o centro da cidade – a região da Pedreira – que conta com diversas facilidades e recursos necessários para a instalação dos migrantes, bem como atividades complementares - Terminais de transporte, instituições ligadas a este público específico e instituições de ensino, por exemplo. Da mesma forma, a Casa pretende contribuir com a região, que carece de vida noturna permanente, como o caso da moradia; ou seja, visa usufruir da estrutura que a cidade lhe oferece, mas também gerar nova dinâmica àquela área. Nesse sentido, a proposta insere-se num terreno entre as Ruas Hercílio Luz e General Bittencourt, criando uma rua interna (galeria) com comercio e serviços, convidando a cidade a adentrar aquele espaço. O projeto estabelece claras hierarquias espaciais: o térreo se destina ao publico em geral, com comercio e serviços, feiras e uma ampla “sala de estar” urbana, ao mesmo tempo em que provê espaços de uso mais específicos para os migrantes, como as salas de atendimento psicológico e assistência social, que se voltam para um pátio interno que atua como um “filtro” do público para o semi-público. No terraço estão dispostos os espaços coletivos de uso específico para os migrantes, como refeitório, horta e espaço para crianças. Por fim, no terceiro e quarto pavimentos localizam-se os espaços privativos dos migrantes, os dormitórios femininos e familiares, e masculinos, respectivamente.

Silo das artes: uma proposta para reconversão de complexo agroindustrial em Chapecó

Acadêmico: Mauricio Goldschmidt Labes      Título: Silo das artes: uma proposta para reconversão de complexo agroindustrial em Chapecó

Orientação: Karine Daufenbach

 

RESUMO

                O escopo do trabalho reside no reconhecimento patrimonial de um bem agroindustrial em desuso na cidade de Chapecó, localizada no oeste de Santa Catarina e o posterior destrinchar das possibilidades de ação sobre ele. A metodologia adotada procura elucidar as bases teóricas que dão suporte à abrangência conceitual acerca do patrimônio urbano no decorrer do tempo, indicando e afirmando assim, a importância de perceber a herança industrial como formadora e modeladora da cidade moderna. A análise de conceitos memoriais e de esquecimento atrelados às mudanças urbanas que ocorreram principalmente no século XX, indicam um presente descaso na preservação dos bens que marcam a paisagem citadina, fazendo-se imperial o trabalho de reconhecer e lidar com estes bens muitas vezes esquecidos. Os edifícios industriais possuem características singulares que os tornam espaços com enorme potencial para abarcar novos programas e usos. Sua materialidade é dotada de minimalismos estruturais e uma grande exposição da estética de seu esqueleto portante, apresentando uma interação espacial limpa e muitas vezes livre em planta. Partindo destas premissas, a proposta projetual gira em torno de fazer uso das estruturas do complexo fabril para subverter o funcionalismo programático urbano em que estamos inseridos. Traduz-se, resumidamente, como uma proposta de dinamização de fluxos e vivências no permear do extrato urbano, alocando nas estruturas industriais novas formas de explorar as vertentes da cidade. Em conjunto com programas plurais, este espaço pode, e deve oferecer ao transeunte uma nova visão acerca da apropriação urbana, usando a arquitetura como ponte entre fantasia e realidade, função e sensação, transitar e estar, dependendo de qual for a intenção e o propósito de cada indivíduo, mesmo que este não tenha propósito algum.

2016-2

A discussão formal segundo a crítica contemporânea de arquitetura

Observada uma resistência ao estudo do design, que importa na negligência do estudo da forma na arquitetura, pretende-se como tema deste trabalho, identificar de que modo a questão formal é abordada e discutida pela crítica contemporânea de arquitetura. Explorando a noção de que a manifestação formal da arquitetura é capaz de dotar a obra de conteúdo – sendo equivalente ao seu discurso –, busca-se na produção crítica - responsável por promover a hermenêutica da disciplina – os artifícios empregados na compreensão da forma arquitetônica. Assim, a proposta do trabalho importa na análise da produção crítica dirigida à obra de arquitetos da atualidade, buscando identificar nessas exposições, ainda que num esforço inicial, os argumentos empregados pelos autores que fundamentam ou justificam suas considerações sobre a forma dos objetos arquitetônicos.