Trabalhos de Conclusão de Curso

Trabalhos orientados por Alcimir José De Paris, Prof. Dr.

Foram en contrados 6 trabalhos

2022-2

desenhando zumbidos: Florianópolis sob o olhar dos vigiados

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Sendo uma pessoa negra, vivendo no sul do Brasil, fruto de uma unio interracial, por�m criado apenas com a parte branca da familia, cresci com um “zumbido”, um incomodo permanentemente em plano de fundo que me lembrava que aquele n�o era o meu lugar.
Por mais que estivesse na minha fam�lia nunca me vi ali, de certa forma, essa sensa��o se expande para os arredores, n�o me vejo nas ruas, nas lojas, nos outdoors, na tv. As vezes, dependendo do hor�rio e local, me vejo nas esquinas, deitado em um papel�o estendido no ch�o �mido da cidade, pedindo por ajuda nas pra�as, vivendo amontoado em morros… Algo sempre me avisou que em alguns lugares n�o deveria estar, que minha presen�a, mesmo que passajeira n�o era bem vinda, olhos me vigiavam.

Em 2012 fiz uma viagem para Vit�ria, capital do estado do Esp�rito Santo, j� havia sa�do do meu estado natal (SC) anteriormente, por�m ainda n�o havia experienciado as sensa��es que a capital mais ao norte do Sudeste brasileiro conseguiu me causar, o zumbido se calou, senti pertencimento.
� no minimo curioso cruzar 1300km para o norte do Brasil para finalmente, me sentir pertencente a um lugar, mas eu um jovem negro nascido no litoral catarinense, estado esse com apenas 15,5% da popula��o autodeclarada negra ou parda, segundo o censo do IBGE de 2010, vi em Vit�ria, cidade com 57% da popula��o autodeclada negra ou parda, um lugar que me reconhecia. N�o acredito que esse sentimento venha apenas pelo n�mero de pessoas negras que passavam por mim nas ruas, existia algo ali, na hist�ria daquelas ruas, um sentimento, uma camada intoc�vel, algo intang�vel que me fascinava.
O que a cidade carrega consigo? Quais as mem�rias das cidades? Como elas nos afetam? Como os diversos grupos da sociedade -ra�as, g�neros, sexualidades, classes sociais- percebem e se percebem nas ruas?
Esses s�o os questionamentos que me impulsionam nesse trabalho.

2019-2

Frestas da cidade: um percurso

O TCC enquanto espao/tempo de concluso de uma etapa nos traz um importante convite a revisitar os processos, intentos e questionamentos que nos trouxeram at o aqui e agora. Ao reviver essa trajetria pude me deparar com qualidades latentes ao meu fazer e olhar sobre a cidade e o espao construdo, como elas consolidam a minha postura enquanto estudante de arquitetura e urbanismo, e que estmulos me levama melhor me relacionar enquanto indivduo propositivo nomeio coletivo.

De um percurso a princpio despretensioso vieram tona novas e fundamentais indagaes sobre a condio contempornea desses espaos e a nossa relao com eles. Frestas, brechas e espaos entre-dois inerentes no s materialidade urbana, mas tambm s relaes interpessoais que se desenvolvem atravs dela, surgem enquanto uma leitura outra desse espao corriqueiro e vulgar. O que aquilo que existe para alm dos tijolos e pedras que transforma construes em arquiteturas e arquiteturas em cidades por excelncia? Quais outras cidades em potencial se escondem nas entranhas daquela que nos compreende em nossas rotinas e afazeres cotidianos?

Deixo aqui o convite imerso neste processo de indagaes, inquietaes e proposies, bem como sua apropriao eexpanso enquanto um percurso pertinente a todos ns.

2019-1

Inquietações sobre o comportamento humano na cidade

Sobre minha mesa de trabalho, coloco meus pertences, ensaios, pesquisas, livros, tentativas e rascunhos; as coisas legais que tenho feito por impulsos ou inquietações. Esses vários trabalhos, experimentos, que estão intrínsecos às minhas vivências e meu corpo, são questionamentos, críticas ou proposições que permeiam o comportamento humano nas cidades. O muro, a arquitetura exclusiva ou a solidão, inseridos em um contexto de cidade dividida por barreiras físicas ou invisíveis, são artefatos que estudo, não para apenas criticar ou constatar análises feitas, mas, com a compreensão das suas qualidades, buscar entender o que nos leva a estes comportamentos e talvez como modificá-los, desejando melhorar as condições de viver. 

2017-2

Cartografia do Imaginário: traduções sensíveis de uma cidade esquizofônica

   Tenho situado a cidade entre a ciência e a poesia e nesse entre vou reconhecendo um mundo inteiro. A intuição vem como forma de aceitar o múltiplo, o caótico e, permitindo perder-se, damos espaço ao fantástico, à ilusão, ao sonho. Talvez a arquitetura pretenda ‘apenas’ amparar a imprevisibilidade da vida e considero o som como possibilidade de experimentar outras espacialidades, outras abordagens perceptivas do real. Acredito que, fazendo o filme, se descobre o roteiro do próprio filme e a cartografia vem me acompanhando nessa vontade.

Link de acesso ao site, que complementa o entendimento deste trabalho:

http://vivikaram.wixsite.com/cidadeesquizofonica

2017-1

abertura, travessia, reverberação: fragmentos de um deslocamento

No percurso de TCC1 e TCC2, fiz um retorno às minhas experiências, vivências e questionamentos. Para além de uma volta, uma redescoberta de mim mesmo: encontramos perguntas que desenvolveriam, não respostas, mas aberturas para possíveis caminhos e que sedimentariam essa trajetória.  Vejo, então, o trabalho final da graduação como um aprofundamento daquilo que nos move, não apenas enquanto acadêmicos, mas como indivíduos em meio coletivo, impregnados de nossas concepções da vida.

Nesse retorno, cheguei ao tema da viagem, que é analisada, a princípio, como deslocamento físico no espaço, mas que ganha força ao tangenciar outras possibilidades. Como viajante, arrisquei-me em devaneios, não pelo perigo de não voltar, mas com a certeza de que voltaria modificado. Viagem é, portanto, movimento no espaço e no tempo, temporalização, que é sintetizado aqui como “travessia” e é, assim, inerente à existência. Ao darmos conta das possibilidades e complexidades das travessias, temos a oportunidade de ampliar nossas experiências, no intensificar da percepção e atuação no mundo. Estamos em permanente travessia.

Assim, considero o trabalho desenvolvido como uma dessas travessias, que exigem esforço de abertura e que reverberam, de alguma forma, no indivíduo, no outro e no meio.

Abertura, Travessia, Reverberação: Fragmentos de um Deslocamento é como intitulo esse percurso.

Anti_Dispositivos

ANTI-DISPOSITIVOS:

imagens construídas através de uma condição de cegueira

O presente trabalho tem por objetivo compreender as analogias existentes entre a memória, colagem e cidade com um foco e forte interesse pelos aspectos fluidos e virtuais presentes nos significados de suas imagens, assim como a exploração dos seus potenciais usos como ferramentas responsáveis pela construção de representações que visam encontrar meios informativos, possivelmente, mais coerentes, democráticos e dinâmicos com a realidade, que aqui é evidenciada por meio da construção da ideia da cidade a partir da leitura de suas próprias imagens. Em um dos casos encontrados, em especial, o estudo avançou através da análise da peculiar condição de invisibilidade inerente ao real significado de uma região chamada de Cais do Valongo, na cidade do Rio de Janeiro, onde a imagem desse local se tornou fluída ao longo do tempo, por ter sido construída coletivamente e virtualmente através das memórias dos seus usuários, justamente pelos seus vestígios físicos terem sido destruídos ou omitidos visualmente no decurso do tempo. Uma construção de imagem através da colagem e que entra em contraposição a sua definição clássica, desenvolvida a partir de um privilegiado ponto de vista, foco ou significado imposto e disseminado por "grandes narrativas" e códigos que acabam, por sua vez, domesticando a visão e criando uma aparente e estagnada realidade voltada para interesses particulares e desvinculada de sujeitos que de fato a vivenciam e a atribuem sentidos. Esses aspectos são considerados devido ao trabalho levar em conta o cenário de extrema veiculação e manipulação de informações vivenciadas atualmente e o consequente e gradativo distanciamento dessas mesmas informações em relação aos seus referenciais físicos, condições que são potencializadas, na grande parte dos casos, pelo aparecimento da rede mundial de computadores e pelos atuais e acelerados processos de digitalização e aumento da capacidade de memorização e reprodução da informação, tornando a importância do estudo ainda mais explícita, quando sua discussão é inserida em um contexto cultural e social, majoritariamente visual, onde a imagem adquire, no decurso do tempo, um papel cada vez mais fundamental na composição dessa informação, assim como do crescimento de sua relevância enquanto elemento responsável pela percepção, assimilação e consequente transformação dessa mesma realidade. A exploração desse estudo ocorre por intermédio de uma sequência de 04 experiências que buscam, constantemente, meios alternativos no processo de construção de representações visuais. Processo desenvolvido e discutido graças a experiências em campo como também por meio de desenhos especulativos elaborados com o uso de artefatos fotográficos e arquitetônicos acompanhados, em paralelo, de conceitos e práticas computacionais que vinham a dar, constantemente, suporte e autenticidade a todo o decurso do trabalho. Levando ao extremo o aspecto virtual das imagens quando abordadas, provocativamente, a partir de uma condição de cegueira, onde a imagem acaba por se transformar em um significado invisível e fluído, gradativamente compreendido, discutido e interpretado pelas pessoas, ao contrário de uma apreensão e leitura instantânea e espetacular. Essa imagem colagem é potencializada enquanto entidade passível de ser definida coletivamente, condição, essa, intencionalmente similar ao caso anteriormente relatado sobre o Valongo. Portanto, são experiências que tentam construir representações de parcelas da realidade mais vinculadas com os desejos, discussões e interpretações de seus usuários, os quais deixam, dessa maneira, suas condições de meros espectadores para se tornarem interatores, isto é, começam a adquirir a capacidade de construir coletivamente os significados de suas próprias realidades.